Vaga de emprego: se salário não é o desejado, vale a pena descartar?

Vaga de emprego: se salário não é o desejado, vale a pena descartar?

Em meio às discussões sobre a possível aprovação de um projeto de lei que pode obrigar as empresas a deixarem clara a faixa salarial em anúncios de emprego, abre-se outra reflexão: é válido escolher um emprego baseado apenas no salário?

Para a headhunter e fundadora da consultoria de recrutamento especializado e desenvolvimento organizacional da Bold HR, Maria Eduarda Silveira, ao analisar as oportunidades, é importante ser:

  • Estratégico;
  • Avaliar os ganhos tangíveis e intangíveis;
  • Colocar o projeto em perspectiva futura;
  • Não fechar portas apenas por uma remuneração que, inicialmente, não pareça tão atrativa.

“É muito comum um recrutador abordar um candidato e receber o questionamento sobre salário como a primeira pergunta. Existem casos em que a pessoa descarta a oportunidade a partir desta única informação sem sequer dar a chance de entender o projeto”, afirma.

A especialista explica que é importante avaliar os aspectos relacionados à remuneração, mas ela não deve ser o primeiro ponto de análise nem o único fator decisivo.

Assim, ao receber uma proposta de trabalho, é importante avaliá-la em perspectiva e buscar entender como aquela oportunidade irá contribuir para o desenvolvimento de carreira a longo prazo e se irá aproximar o profissional de onde ele deseja chegar profissionalmente.

Analise a proposta como um todo

Maria Eduarda recomenda fazer uma análise de contexto para que o profissional tenha mais clareza dos objetivos de carreira que planeja. A proposta de emprego ideal é aquela que impulsiona a carreira na direção de onde o candidato deseja chegar, observa.

“É preciso ter pensamento de longo prazo e não se deixar levar pela ansiedade ou imediatismo”, avalia.

Dessa forma, analisar o desafio proposto para a vaga se torna um dos primeiros aspectos que devem ser observados e garante que esteja de acordo com o rumo para o qual o candidato deseja projetar sua trajetória profissional, com as habilidades que possui e com as que deseja desenvolver, explica.

Cultura e liderança empresarial

Para a recrutadora, é preciso pesquisar sobre a empresa que abriu a vaga. É importante verificar como ela está posicionada no mercado, a reputação em relação à sua marca empregadora, além da cultura interna e como está a sua saúde econômica.

Em um segundo momento, a especialista recomenda se informar sobre quem será a liderança direta e possíveis colegas e entender como essas pessoas se posicionam, se possuem uma reputação conhecida no mercado ou se há conexões em comum.

“Valores organizacionais desalinhados são capazes de alterar completamente a dinâmica no ambiente de trabalho e se tornam uma das principais causas de insatisfação. São fundamentais uma cultura organizacional sólida e o alinhamento entre empresa e colaborador para o sucesso dessa relação”, aponta.

Estude o pacote de remuneração e benefícios

A especialista aconselha avaliar a remuneração levando em consideração o total anual e não somente o salário fixo.

Ela lembra que a remuneração é composta pelo salário mensal e por aspectos variáveis como participação nos lucros, bônus, comissões e ações.

Considere também o pacote de benefícios, como assistência médica e odontológica, auxílio alimentação, previdência privada, auxílio educação e quaisquer outros benefícios que irão compor o seu pacote.

Além disso, é preciso avaliar os benefícios intangíveis, como a marca empregadora, desafios técnicos e oportunidades de carreira, profissionais qualificados e referências de mercado com quem irá trabalhar e se desenvolver. Além da cultura da empresa, que deve estar alinhada com o perfil do profissional.

Outros aspectos a serem levados em conta são flexibilidade de horário e a possibilidade de fazer home office.

Segundo Maria Eduarda, o salário intangível ganha relevância ao permitir que as oportunidades apresentadas e o desenvolvimento de carreira possam fluir de acordo com as expectativas profissionais.

“Quando um profissional quer saber apenas o salário da posição, sem ao menos entender o projeto, corre um risco enorme de fechar as portas para um possível passo certeiro na sua carreira”, alerta a headhunter.

A recrutadora completa dizendo que, ao tomar decisões de carreira baseadas apenas na remuneração, o profissional pode atender a sua demanda financeira imediata, mas pode não estar construindo uma trajetória consistente e sustentável.

Ou seja, esse trabalhador pode enfrentar algumas frustrações no dia a dia de trabalho, já que outros aspectos importantes para a sua realização profissional foram preteridos.

Candidatos buscam valores salariais 

Pesquisa divulgada pelo site de recrutamento Indeed mostra que 76% dos entrevistados buscam informações sobre salários antes de se candidatar a uma vaga de emprego.

De acordo com o levantamento, 34% dos entrevistados não sentem que seu salário está de acordo com sua carga de trabalho e, destes, 55% são mulheres.

“As chances de o candidato desistir ao final do processo seletivo pelo valor não ser compatível com sua expectativa são grandes. Nesse sentido, a transparência salarial ajuda a promover candidaturas mais assertivas às novas vagas e aumentar a competitividade entre empresas, com salários mais atrativos”, aponta o diretor de vendas do Indeed no Brasil, Felipe Calbucci.

A pesquisa mostrou ainda que os candidatos estão cada vez mais seletivos e buscam o histórico das empresas antes de aceitar participar de uma entrevista.

Apesar de a transparência ser um tabu maior entre as empresas, 61% dos entrevistados se sentem à vontade para discutir sobre pagamento com seus colegas.

Para Calbucci, apesar de as empresas ainda terem receio de compartilhar informações de salário, essa é uma prática que pode aumentar a equidade salarial e facilitar o processo de seleção dos recrutadores ao atrair talentos.

Com informações do g1 Economia

Fonte: https://www.contabeis.com.br

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