Segundo a edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada na sexta-feira (19), aproximadamente 19% das famílias brasileiras, o equivalente a um em cada cinco domicílios, estavam sob os benefícios do programa Bolsa Família.
Isso representa cerca de 14,7 milhões de lares, a maior proporção já registrada desde o início da série histórica em 2012.
Em 2012, a proporção de domicílios beneficiados pelo Bolsa Família era de 16,6%, enquanto em 2019, antes da pandemia de COVID-19, o indicador estava em 14,3%.
O agravamento da crise sanitária em 2020 levou a uma mudança drástica, com a interrupção de atividades econômicas e aumento do desemprego. Nesse contexto, parte dos beneficiários migrou para o Auxílio Emergencial, resultando em uma queda na proporção de lares atendidos pelo Bolsa Família para 7,2%.
Em 2021, com as alterações no Auxílio Emergencial devido à flexibilização das medidas sanitárias, houve um retorno parcial dos beneficiários ao Bolsa Família, elevando a proporção para 8,6%.
Por fim, no final de 2021, o Auxílio Emergencial foi encerrado e substituído pelo Auxílio Brasil, que em 2022 atendeu 16,9% das famílias brasileiras.
Números do Bolsa família
Com a chegada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, o programa de transferência de renda voltou a ser denominado Bolsa Família.
Além de manter o valor de R$ 600, o programa adotou medidas de inclusão, como o acréscimo de R$ 150 por criança de até 6 anos e um adicional de R$ 50 por criança ou adolescente (de 7 a 18 anos) e por gestante.
A pesquisa revela disparidades significativas entre as regiões do país. O Norte e o Nordeste concentram a maior proporção de domicílios beneficiados, com 31,7% e 35,5%, respectivamente, enquanto o Sul e o Sudeste registram as menores proporções, com 7,9% e 11,5%.
Os estados com maior percentual de domicílios beneficiados são o Maranhão, Piauí, Paraíba e Pará, enquanto Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo figuram com os menores índices.
Uma análise mais profunda dos dados revela um impacto positivo na redução da desigualdade de renda, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Entre 2019 e 2023, o rendimento per capita dos domicílios beneficiados pelo Bolsa Família aumentou significativamente em comparação com aqueles que não recebiam o benefício. Essa disparidade contribuiu para uma redução no Índice Gini, indicando menor desigualdade nessas regiões.