A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, que é realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou que o salário mínimo ideal para abril subiu para R$ 5.330,69.
Os cálculos mostram que valor supera em quase cinco vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100, e é um pouco maior que o salário ideal de março, que foi de R$ 5.315,74.
Para chegar ao valor ideal de abril, o órgão considera o valor necessário para sustentar uma família de quatro pessoas, formada por dois adultos e duas crianças, com a cesta de alimentos mais cara que, em abril, foi a de Florianópolis (R$ 634,53).
Além disso, o estudo do Dieese revela ainda que, com o desconto da Previdência Social (7,5%), o trabalhador remunerado pelo piso comprometeu, em média, 54,36% do salário em abril com a compra de alimentos básicos. Essa porcentagem supera a verificada em março, de 53,71%.
Os preços do conjunto de alimentos básicos tiveram alta em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo órgão no mês.
Salário mínimo 2022
No projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, anunciado pelo Ministério da Economia em abril, o governo federal propôs o valor do salário mínimo de R$ 1.147 no ano que vem.
O valor representa um aumento de 4,27% em relação aos atuais R$ 1.100. A variação é semelhante à do INPC, índice usado para o reajuste do piso salarial. Isso significa que o salário mínimo deverá ficar sem aumento real (acima da inflação) pelo terceiro ano seguido.
Apesar de não reconhecer que mudou a política do salário mínimo, a equipe econômica já vinha reajustado o piso apenas com a variação da inflação mesmo antes da pandemia, com o argumento de que precisa preservar o ajuste fiscal.
Tradicionalmente, os reajustes do mínimo são calculados a partir do aumento do INPC somado da variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Criada pelo governo Lula, essa regra virou lei em 2012, durante o governo Dilma, mas expirou em 2019.
Durante esse período, o salário mínimo não teve aumento acima da inflação em 2017 e 2018, já que o cálculo considerou os anos de 2015 e 2016, respectivamente, quando o país estava em recessão.