Uma pesquisa da consultoria EY mostra que as pequenas e médias empresas esperam mais do que juros baixos e rapidez na concessão de crédito de seus provedores de serviços financeiros.
O estudo global “A voz das PMEs: experiências bancárias e expectativas” mostra que 97% das empresas têm interesse em compartilhar mais dados de seus negócios com seu provedor financeiro para receber um aconselhamento melhor e mais customizado.
Além disso, 63% dizem que estão dispostas a pagar por isso e outras 17% optam por “talvez”. Apenas 20% descartam gastar com essa consultoria.
Assessoria financeira
Entre os serviços pelos quais as PMEs estão dispostas a pagar estão: crédito mais rápido (38%), consultoria (32%), plataforma de software integrada (27%), desenvolvimento de um modelo de negócios sustentável (25%) e funções de administração dos negócios (22%).
“Há uma necessidade muito grande das PMEs de receberem esse tipo de aconselhamento e os bancos e fintechs podem ocupar esse espaço, oferecendo serviços de valor agregado. A concessão de crédito é commodity, esses empreendedores precisam de algo mais”, diz Rafael Schur, líder do segmento de mercado financeiro da EY.
Para 79%, é importante que o gerente do banco tenha um bom entendimento de seu negócio. A maioria (40%) tem entre dois e cinco anos de relacionamento com o gerente e fala com ele ao menos uma vez por mês (39%).
Canais digitais x tradicionais
Outro ponto ressaltado pela pesquisa é a importância do atendimento por canais digitais. Do total, 69% dizem que estão usando mais o celular; 68%, o internet banking e 38%, o telefone. Sobre o que pretendem continuar usando após a pandemia, o internet banking lidera com 67%, o mobile banking tem 63% e aplicativos de mensagens instantâneas têm 40%.
O principal fornecedor de serviços financeiros para as PMEs ainda é o banco tradicional (63%), seguido de fintechs (15%), grandes empresas de fora do setor financeiro (11%), bancos digitais (7%), big techs (3%) e outros (1%). Questionados se pretendem mudar, 40% dizem ser improvável; 37%, provável e 23% ficam no meio termo. Se forem mudar, a maioria (46%) deve ir para um banco tradicional.
Segundo Schur, o nível de dominância dos bancos tradicionais no Brasil (63%) é similar ao observado em outros países com open banking mais avançado, como Reino Unido (60%) e Austrália (59%). A fatia das empresas não financeiras – varejistas ou indústrias que oferecem produtos financeiros a clientes e fornecedores – também é similar. Comparativamente, o Brasil tem um peso maior das fintechs e bem menor das big techs.
“Muitas PMEs dizem que, se forem trocar de instituição financeira, vão para outro banco tradicional porque para elas o crédito é fundamental e a participação das fintechs no crédito ainda é muito limitada”, afirma Schur.
Sinal dessa importância é que as principais fontes de financiamento para esses empresários são bancos (49%), dinheiro próprio (23%) e as fintechs somente em terceiro lugar, com 20%.
Para as pessoas físicas o aplicativo do banco resolve praticamente tudo, mas para as empresas o internet banking é essencial.
“Um dono de restaurante, por exemplo, geralmente delega para alguns funcionários movimentarem a conta. Mas se ele só tem o aplicativo, o que faz? Instala no celular do funcionário? Isso não funciona direito. O mesmo vale para a integração com outros softwares de gestão que a empresa usa”, diz.
A pesquisa ouviu 5.698 PMEs em 16 países no segundo trimestre.
Fonte: Valor Econômico