O que a CPI das Bets ensina sobre liderança e integridade nas empresas

O que a CPI das Bets ensina sobre liderança e integridade nas empresas

A CPI foi instaurada para apurar suspeitas de irregularidades na operação de casas de apostas e na atuação de seus promotores — inclusive influenciadores. Desde o início das investigações, surgiram indícios de que as plataformas operam com pouca ou nenhuma regulação efetiva, abrindo espaço para desvios e prejuízos à coletividade.

Além da fragilidade na fiscalização, chamou atenção a forma como empresas do setor terceirizam sua comunicação e sua imagem a pessoas públicas sem exigir critérios objetivos de responsabilidade. Para especialistas em compliance e governança, esse modelo reforça um cenário permissivo à disseminação de condutas antiéticas, especialmente quando o lucro se sobrepõe à integridade.

Liderança omissa é fator comum em ambientes de risco ético

Os depoimentos prestados à CPI até agora revelam que muitas das falhas observadas não decorrem apenas da atuação individual de influenciadores ou executivos, mas sim de uma estrutura de liderança frágil ou omissa.

O caso investigado pela CPI das Bets traz lições diretas para o setor produtivo. Empresas de todos os segmentos devem rever seus mecanismos de controle, reforçar programas de integridade e treinar seus líderes para atuarem como guardiões da cultura ética.

Contadores, auditores e profissionais de compliance também têm papel essencial nesse processo. “A contabilidade é linha de frente no monitoramento de práticas suspeitas. Quando bem orientada, a área contábil pode identificar indícios de irregularidades antes que se transformem em crises”, afirma Cláudio Figueiredo, perito contábil e especialista em controle interno.

A adoção de controles eficientes não é apenas uma exigência legal, mas também uma forma de proteger a reputação da empresa e evitar prejuízos financeiros causados por escândalos éticos ou legais.

Pressão por resultados pode gerar desvios de conduta

Outro ponto sensível revelado pela CPI é o impacto das metas agressivas sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações. A busca incessante por resultados pode, em alguns casos, levar colaboradores a adotar atalhos, ainda que isso signifique infringir normas legais ou éticas.

O dilema entre desempenho e integridade é comum em empresas que não possuem políticas claras de compliance. A ausência de canais de denúncia, treinamentos regulares e lideranças atuantes agrava esse risco. 

Casos anteriores reforçam a importância da governança ética

O Brasil acumula casos em que a falta de controles internos e lideranças responsáveis gerou danos irreversíveis. Escândalos como os da Petrobras, do Grupo X e de empresas do setor de educação privada mostram que, quando a governança falha, toda a estrutura organizacional sofre as consequências.

O caso das apostas esportivas apenas atualiza esse debate. A diferença é que, neste episódio, os holofotes estão voltados para figuras públicas e empresas que ainda operam em setores com regulação incipiente. Mesmo assim, os princípios aplicáveis à boa governança permanecem os mesmos.

Cultura organizacional começa no topo da hierarquia

Estudos internacionais, como os realizados pelo Institute of Business Ethics (IBE), mostram que empresas com lideranças ativas na promoção da ética têm menor propensão a fraudes e desvios de conduta. Isso reforça a ideia de que o exemplo deve vir do topo: quando líderes negligenciam a integridade, colaboradores tendem a reproduzir o mesmo comportamento.

O papel da liderança inclui: comunicar valores com clareza, agir conforme os princípios estabelecidos, garantir que todos os processos sejam auditáveis e aplicar sanções justas e transparentes em caso de desvios.

Setor contábil deve fortalecer atuação preventiva

No contexto das revelações da CPI das Bets, contadores ganham relevância como agentes de prevenção. Além de garantir a conformidade fiscal e contábil, os profissionais devem atuar na orientação das empresas quanto a riscos legais e reputacionais.

Entre as práticas recomendadas estão:

  • Adoção de controles internos eficazes;
  • Revisão periódica de contratos e relações com terceiros;
  • Criação de canais de denúncia com anonimato garantido;
  • Implementação de treinamentos sobre ética e integridade;
  • Monitoramento de indicadores de risco contábil e fiscal.

Essas medidas ajudam a mitigar os riscos identificados em investigações como a CPI das Bets, além de fortalecer a imagem institucional das empresas junto a investidores, clientes e órgãos reguladores.

CPI traz alerta para todo o ambiente empresarial

A Comissão Parlamentar de Inquérito ainda está em andamento e novas informações devem surgir nas próximas semanas. No entanto, as evidências já levantadas reforçam a necessidade de uma atuação mais consciente das empresas em relação aos riscos éticos.

Cabe aos líderes escolherem se desejam atuar de forma transparente e ética ou correr o risco de repetir erros já conhecidos. No cenário atual, em que a reputação é um ativo intangível valioso, prevenir é sempre o melhor caminho.

Com informações adaptadas da Seven PR 

Fonte: https://www.contabeis.com.br

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