Os processos realizados pelos profissionais contábeis passam por constantes adaptações, devido a novas tecnologias, novas Instruções Normativas (IN) e Projetos de Lei (PL). Por isso, é preciso estar atento às mudanças e às obrigações contábeis.
Integra contador
Em 2022, por exemplo, a Receita Federal implementou a plataforma Integra Contador, que facilitará o acesso automatizado a um conjunto de informações, dentre eles, a emissão do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) e a consulta de pagamentos realizados.
Até então, os serviços estavam disponíveis somente por consulta individualizada no Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal, o e-CAC.
A presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRC-MG), Suely Marques, revelou que participará de um encontro junto à Receita Federal para tratar sobre as plataformas de atendimento.
“Nesse encontro com superintendentes da Receita Federal, vamos tratar justamente dos atendimentos, inclusive, do e-CAC, que hoje é um atendimento que nos dá um subsídio muito bom para que nós tenhamos algumas declarações e informações do contribuinte de forma mais rápida, mas ele ainda depende de alguns aperfeiçoamentos”, revelou.
Plataforma de Administração Tributária Digital
Outro lançamento, a Plataforma de Administração Tributária Digital, atendeu a uma solicitação antiga do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a de padronizar a Nota Fiscal de Serviços eletrônica (NFS-e).
A ferramenta ainda oferece uma cesta de produtos tecnológicos de administração tributária e vai atender tanto municípios com milhões de habitantes quanto aqueles com 60 mil habitantes ou menos.
Mudanças nas obrigações
As regras da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) também sofreram atualizações.
Dentre as modificações já em trâmite, está a emissão de Multa por Atraso no Envio de Declaração (MAED) automaticamente quando a declaração for enviada depois do prazo.
“A cada ano, a contabilidade recebe as modificações dos governos federal, estadual e municipal sobre essas obrigações. Esse ano a gente está trabalhando um pouco com a mudança da DCTFWeb, que passa a ter as informações de forma mais centralizada”, disse Suely Marques.
Para um futuro próximo, a presidente da entidade mineira destaca que os Microempreendedores Individuais (MEIs) também poderão ser beneficiados. “Bem próximo também, teremos a Nota Fiscal eletrônica para os MEIs, que não vão precisar ir até as sedes de atendimento das Prefeituras para emiti-las”, afirmou.
Impactos na categoria e na economia
As novas tecnologias utilizadas pela contabilidade impactam o setor tanto positivamente quanto negativamente, é o que afirma o doutor em Controladoria e Contabilidade, professor e chefe do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo Nascimento.
Para ele, a utilização de recursos tecnológicos nos escritórios de contabilidade contribuiu não apenas para a rapidez das informações, como também conferiu aos órgãos de controle, maior transparência e acessibilidade sobre as informações produzidas pelas atividades empresariais, “o que gerou ganhos sociais indiscutíveis e auxiliou na desburocratização de alguns processos, diminuição de custos com materiais, estrutura de arquivos e segurança dessa estrutura física”.
Entretanto, Eduardo Nascimento ressalta que todas essas implementações geram custos, devido aos investimentos em equipamentos, softwares, treinamentos, recrutamento de mão de obra capacitada e segurança digital, além de inserir uma nova rotina administrativa. Segundo ele, os custos “são significativamente mais onerosos do que a produção e guarda de documentos físicos requeridos” e as empresas “têm dificuldade para repassar aos clientes”.
Conforme o doutor em Controladoria e Contabilidade, é sempre bom os contadores absorverem essas tecnologias em suas atividades, como o Integra Contador, que faz a junção de informações que estavam espalhadas em várias plataformas, permitindo, por exemplo, certa economia de tempo de trabalho.
No entanto, ele ressalta que os órgãos públicos deveriam dialogar mais com a categoria e atuar de forma menos impositiva e açodada. “Se eles buscassem mais nossa categoria, poderíamos reduzir esses impactos negativos e também contribuir com a construção dessas plataformas com o ponto de vista de quem produz a informação e está diariamente se relacionando com as atividades empresariais”.
Com informações do Diário do Comércio