Modelo de relatório ESG

Modelo de relatório ESG

Nos últimos anos, o conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança) ganhou destaque como uma abordagem essencial para empresas que buscam não apenas maximizar lucros, mas também gerar impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Um projeto de ESG bem-sucedido não apenas aborda questões ambientais e sociais, mas também promove a transparência, a responsabilidade e a ética nos negócios.

Muitas vezes, a aplicação das ações de ESG é encarada como algo muito complexo e restrito a apenas grandes empresas, com capacidade para altos investimentos a ações ligadas à proteção do meio ambiente ou projetos correlatos.

Contudo, essa percepção se mostra cada vez mais obsoleta e equivocada, já que são as pequenas e médias empresas (PMEs) que podem se beneficiar muito ao aderirem a critérios mais sustentáveis em suas atividades.

A sustentabilidade nada mais é do que a capacidade de operar buscando o lucro, o desenvolvimento e a competitividade, sem desconsiderar ou comprometer os recursos naturais, as necessidades sociais, bem como, a ética e a transparência na gestão da própria empresa.

Enfim, tudo isso envolve uma consciência corporativa, no sentido de entender que a empresa não é um ente isolado, mas sim, integrante de um todo, de um tecido social que espera dela mais do que a oferta de produtos e serviços. As pessoas e o meio ambiente devem estar no horizonte reflexivo da empresa.

Finalmente, a importância do ESG está em sua capacidade de criar valor sustentável a longo prazo, gerenciando riscos e oportunidades associados a questões ambientais, sociais e de governança.

Desenvolvimento de um Modelo de Relatório ESG – Comprometimento da Alta Administração

Mas afinal, por que adotar práticas de ESG?

Assim como existem regras legais e administrativas para a abertura e operação da empresa, existe também uma espécie de “licença social para operar”, quer dizer, não basta ser uma empresa regular, prestar bons serviços, fornecer produtos de qualidade etc., é preciso comprovar um engajamento com as questões sociais, ambientais, éticas e reputacionais.

Para concluir, a adoção dessas práticas deve fazer parte da estratégia de negócios, por uma questão de sobrevivência no mercado. Para além do cumprimento de metas internas, a empresa pode e deve ser cidadã.

Sobre a cidadania da empresa, Leandro Chevitarese e Natália Morais Gaspar (2021, p. 12), assinalam que:

Nesse sentido, empresas cidadãs são aquelas que realizam programas e projetos de responsabilidade social, direcionados tanto ao público interno – colaboradores e os seus familiares – quanto ao público externo – clientes, fornecedores e demais stakeholders. Desse modo, tal conjunto de ações pode ser designado como cidadania corporativa.

Um projeto de ESG bem-sucedido requer o comprometimento da alta administração, que deve demonstrar liderança e estabelecer metas claras em relação aos três pilares do ESG. Isso envolve integrar considerações ESG em toda a estratégia de negócios e tomar decisões que equilibrem os interesses de todas as partes interessadas.

A dificuldade de acesso à informação é um dos motivos que levam as PMEs a resistirem em adotar as práticas ESG. Uma pesquisa realizada pela Fecomercio/SP, mostrou que apenas 25% das pequenas e médias empresas da cidade de São Paulo tem pouco ou algum conhecimento sobre este tema. (FECOMERCIO/SP, 2024)

Como dito anteriormente, a sigla ESG engloba três pilares: ambiental, social e de governança. Vejamos.

  • Ambiental (“Environmental”)

Environmental ou ambiental refere-se às práticas e princípios adotados pelas empresas para a conservação do meio ambiente, conforme sua realidade e segmento de atuação. Todavia, mesmo as empresas que não estão ligadas diretamente à emissão de gases poluentes, todas as atividades empresariais, em maior ou menor grau, utilizam recursos que demandam reciclagem ou um descarte de resíduos que podem ser danosos ao meio ambiente, como aparelhos tecnológicos.

Além disso, as práticas que preservam os recursos disponíveis, no dia a dia, também são muito importantes, tais como: a redução de uso de papel, a economia de água e luz etc.

Portanto, desastres ambientais causados pela poluição proveniente da industrialização e da urbanização, associados à escassez de recursos naturais, são alguns dos fatores que contribuíram para que se atingisse um nível de consciência ambiental capaz de gerar uma pressão constante sobre as empresas, que passaram a adotar práticas voltadas ao cumprimento de suas funções socioambientais.

  • Social (Social)

Primeiramente, dentro do contexto social, as empresas que adotam as chamadas práticas sociais, no exercício de suas atividades, levam em consideração o seu capital humano interno, bem como o contexto social em que estão inseridas, visando contribuir para a solução dos problemas sociais.

Este pilar leva em conta como a empresa lida com fatores sociais como: inclusão e diversidade, práticas trabalhistas e trabalho digno, direitos humanos, relações com as comunidades locais, clientes e fornecedores, combate à corrupção, concorrência desleal, entre outros.

Um exemplo bastante emblemático desse perfil social é a empresa NATURA, sempre atuante no desenvolvimento sustentável e em projetos sociais, de educação e de inclusão de diversidades. (SITE NATURA, 2024)

A propósito, existem à disposição das organizações interessadas, normas técnicas e certificações expedidas por entidades de diferentes nacionalidades. São instrumentos que realçam os contornos da cidadania corporativa, contribuindo para construção de uma boa imagem pública da empresa.

3. Governança (Governance)

A governança corporativa busca o alinhamento de interesses e a garantia de transparência entre gestores e acionistas, bem como a equidade entre as partes acionárias majoritárias e minoritárias.

Assim, exercer a governança no mundo corporativo representa atender a um conjunto de diretrizes que assegurem a gestão eficaz de métodos, processos e projetos, a gestão respeitosa e justa das pessoas abrangidas pelo negócio e o uso e gerenciamento consciente, honesto e responsável dos recursos materiais, financeiros e naturais.

Portanto, esse é um pilar do “ESG” relacionado à esfera administrativa e de gestão da empresa, considerando a independência e diversidade do conselho, política de remuneração dos altos cargos, transparência e ética da instituição.

Avaliação de Riscos e Oportunidades ESG

Primeiramente, a avaliação abrangente de riscos e oportunidades ESG é essencial para identificar áreas de melhoria e implementar medidas corretivas eficazes. Isso pode incluir análises de pegada de carbono, avaliações de impacto social e avaliações da estrutura de governança corporativa.

Estabelecimento de Metas e Indicadores de Desempenho

Com base na avaliação de riscos e oportunidades, o próximo passo é estabelecer metas específicas e mensuráveis para melhorar o desempenho ESG da empresa. Essas metas devem ser acompanhadas por indicadores de desempenho que permitam monitorar o progresso ao longo do tempo.

Integração do ESG em Toda a Organização

A integração do ESG em todas as áreas da organização é fundamental para garantir que as práticas sustentáveis e a governança responsável sejam incorporadas em todos os aspectos das operações comerciais. Isso pode envolver treinamento de funcionários, revisão de políticas internas e engajamento das partes interessadas externas.

Comunicação Transparente e Prestação de Contas

Desse modo, uma comunicação transparente e uma prestação de contas eficaz são essenciais para construir confiança com todas as partes interessadas, incluindo investidores, clientes, funcionários e comunidades locais. Isso envolve relatórios regulares sobre o desempenho ESG da empresa e o compartilhamento de sucessos, desafios e lições aprendidas ao longo do caminho.

O que é necessário para uma empresa ser ESG?

Em primeiro lugar, é necessário entender que toda empresa tem um patrimônio material e imaterial. Esse último está totalmente ligado à ética, à reputação, à imagem e à idoneidade, que são elementos que não podem ser adquiridos com dinheiro e que, uma vez lesados, podem trazer grandes prejuízos à empresa, por vezes, mais representativos do que perdas financeiras.

Este entendimento exige uma mudança de cultura e mentalidade que deve ser absorvida, implementada e incentivada pela liderança da empresa (“The Tone of the top”).

A mudança de mentalidade e cultura implica a conscientização das demandas atuais da sociedade e do mundo. Ao contrário de algumas teorias que eram sustentadas no passado, a pessoa jurídica não é uma ficção legal. Ela é concreta, real e dotada de personalidade, que pode contrair obrigações e adquirir direitos, e, assim sendo, ela concorre com as pessoas físicas, no sentido da obrigação de cumprir deveres e de contribuir para o bem-estar da coletividade, dentre outros.

No contexto ambiental, a empresa precisa se dedicar à redução do impacto de suas atividades no meio ambiente, por menor que seja. Isso envolve a implementação de estratégias para diminuir as emissões de gases de efeito estufa, implementação de uma política de resíduos sólidos, uso eficiente de recursos como água e energia etc.

No contexto social, a organização deve garantir o respeito aos direitos humanos (dentro e fora de suas dependências) e oferecer condições de trabalho justas e seguras. Isso inclui a promoção da diversidade e inclusão, o investimento em desenvolvimento comunitário, promoção da educação cultura etc. sempre seguindo práticas éticas e responsáveis.

Quanto à governança, é essencial que a empresa adote práticas transparentes e éticas em sua gestão. Isso implica em ter uma liderança comprometida com a integridade, a implementação de políticas claras contra a corrupção, e a garantia de que existam processos de tomada de decisão responsáveis e inclusivas.

Depois de investir em boas práticas, é fundamental comunicá-las, apresentando evidências ao mercado. Isso dá credibilidade e transparência, mostra que a empresa é organizada e sabe o que está fazendo.

Benefícios de um Modelo de Relatório ESG

Um projeto de ESG bem executado pode trazer uma série de benefícios tangíveis e intangíveis para as empresas, incluindo:

Mitigação de riscos: Ao identificar e abordar riscos ESG, as empresas podem evitar potenciais impactos negativos em sua reputação e desempenho financeiro.

Aumento da resiliência: Práticas sustentáveis e uma forte governança corporativa podem tornar as empresas mais resilientes a choques externos, como mudanças regulatórias e eventos climáticos extremos.

Atração de investidores e talentos: Investidores e profissionais talentosos estão cada vez mais interessados em empresas que demonstram um compromisso com o ESG, o que pode melhorar o acesso a capital e o recrutamento.

Vantagem competitiva: Empresas que adotam uma abordagem proativa em relação ao ESG podem se destacar em seus setores, diferenciando-se pela inovação, transparência e responsabilidade.

Conforme observamos, as práticas ESG devem integrar o plano de negócios da empresa, sua estratégia de atuação, com vistas a promover o equilíbrio sistemático entre as necessidades da empresa, de seus parceiros e colaboradores internos, e da comunidade externa e meio ambiente. Desse modo, deve-se integrar as expectativas e os valores prezados por esses públicos à estratégia da empresa, passando a constituir o seu compromisso social.

Desse modo, empresas que investem em boas práticas ESG facilitam o caminho para atrair investimentos, fidelizar clientes e reduzir custos de operação.

Cada vez mais, as métricas ESG são consideradas para a tomada de decisões de investimento. Ou seja, empresas que adotam práticas sólidas de ESG podem ter acesso a capital mais barato e atrair investidores que buscam alinhar seus portfólios com valores sustentáveis.

A fidelização de clientes passa pela qualidade do bem ou do serviço oferecido, pelo bom atendimento e preço justo, mas, se a empresa demonstra outras práticas que agregam valor ao seu negócio, a sociedade e o cliente reconhecem, e isso, fortalece a imagem da empresa, que não só, fideliza a clientela que já tem, como se torna capaz de ampliá-la.

Por fim, a médio ou longo prazo, as boas práticas ESG podem trazer redução de custos para a empresa, no geral, reduzindo riscos de ações judiciais, multas, e, principalmente, em relação à prática ambiental, minimizando o desperdício de recursos como energia, água, matéria-prima etc.

E por fim, os consumidores e a sociedade como um todo estão cada vez mais atentos às práticas das empresas que fazem parte do seu dia a dia, e optam cada vez mais por manter relações com empresas que estejam alinhadas com práticas sustentáveis e responsáveis.

Estudos de Casos de Modelo de Relatório ESG Bem-Sucedidos

1. Patagonia

A Patagônia é um exemplo notável de uma empresa que integrou com sucesso práticas sustentáveis e responsabilidade social em seu modelo de negócios. Eles são conhecidos por sua transparência, compromisso com o ativismo ambiental e pela implementação de programas de reciclagem e conservação. (SITE MEIO E MENSAGEM, 2024)

2. Unilever

Como exemplo, a Unilever é outra empresa que tem priorizado o ESG em suas operações, estabelecendo metas ambiciosas de sustentabilidade e lançando iniciativas como o Plano de Vida Sustentável, que visa melhorar a saúde e o bem-estar de um bilhão de pessoas e reduzir o impacto ambiental pela metade. (SITE UNILEVER, 2024)

Exemplo de Modelo de Relatório ESG para a empresas de pequeno porte:

1. Ambiental (“Environmental”)

Redução de Desperdício:

– Implementar políticas de redução de papel, incentivando o uso de documentos digitais e assinaturas eletrônicas.

– Reciclagem de papel e outros materiais de escritório.

– E por fim, promover o uso de materiais recicláveis e sustentáveis no escritório.

Eficiência Energética:

– Trocar lâmpadas convencionais por LEDs de baixo consumo.

– Instalar sensores de presença para iluminação em áreas comuns.

– Incentivar o uso de energia renovável, com painéis solares.

– Incentivar utilização de equipamentos eletrônicos de baixo consumo energético.

Transporte Sustentável:

– Incentivar o uso de transporte público, bicicletas ou caronas compartilhadas entre os colaboradores.

– E por fim, implementar o trabalho remoto/híbrido ou horários flexíveis para reduzir a pegada de carbono associada ao transporte.

2. Social (Social)

Desenvolvimento de Funcionários:

– Oferecer programas de treinamento e desenvolvimento contínuo para os colaboradores.

– Promover uma cultura inclusiva e diversificada, garantindo oportunidades iguais para todos.

– E por fim, oferecer um bom plano de cargos e salários.

Bem-Estar e Saúde no Trabalho:

– Proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável,

– Aumentar as regras de ergonomia nas estações de trabalho.

– E por fim,, implementar programas de bem-estar, como ginástica laboral, apoio psicológico e palestras sobre saúde.

Engajamento com a Comunidade:

– Participar de ações comunitárias e projetos sociais locais.

– Oferecer serviços contábeis com desconto para ONGs e pequenas empresas locais.

– E por fim, promover eventos de conscientização e educação financeira para a comunidade.

3. Governança (Governance)

Ética e Transparência:

– Adotar um código de ética claro e abrangente para todos os colaboradores.

– Garantir a transparência nas operações e comunicações da empresa.

– E por fim, realizar auditorias internas regulares para garantir conformidade com leis e regulamentos.

Gestão de Riscos:

– Implementar políticas de gestão de riscos para identificar, avaliar e mitigar riscos operacionais.

– Estabelecer um comitê de governança que se reúna regularmente para revisar as práticas de governança da empresa.

Conformidade e Regulação:

– Manter-se atualizado com as leis e regulamentos contábeis e fiscais.

– Assegurar que todas as práticas da empresa estejam em conformidade com as normas locais e internacionais.

– E por fim, implementação de cartilha LGPD para proteção dos dados processados.

Plano de Ação. Modelo de Relatório ESG:

  1. Diagnóstico Inicial:

   – Avaliar a situação atual da empresa em relação aos pilares ESG.

   – Identificar áreas de melhoria e definir metas específicas.

  • Desenvolvimento de Políticas:

   – Criar ou atualizar políticas internas que promovam práticas sustentáveis, responsabilidade social e governança eficaz.

  • Implementação:

   – Iniciar a implementação das iniciativas planejadas, começando pelas de maior impacto ou mais fáceis de executar.

  • Monitoramento e Avaliação:

   – Estabelecer indicadores de desempenho para monitorar o progresso das iniciativas ESG.

   – Realizar avaliações periódicas e ajustar as ações conforme necessário.

  • Comunicação:

   – Comunicar as ações e os resultados para todos os stakeholders, incluindo funcionários, clientes e a comunidade.

   – E por fim, publicar relatórios de sustentabilidade para demonstrar transparência e compromisso com as práticas ESG.

Portanto, com estas iniciativas, a empresa poderá construir uma estratégia ESG eficaz, que não só melhora sua sustentabilidade e responsabilidade, mas também fortalece sua reputação e competitividade no mercado.

Conclusão – Modelo de Relatório ESG

Primeiramente, um projeto de ESG eficaz é fundamental para empresas que buscam prosperar em um mundo em rápida mudança, onde a sustentabilidade e a responsabilidade social são cada vez mais importantes para todas as partes interessadas.

Ao integrar considerações ESG em sua estratégia de negócios, as empresas podem não apenas mitigar riscos e aproveitar oportunidades, mas também desempenhar um papel significativo na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.

Finalmente, a empresa deve realizar uma análise abrangente periodicamente para avaliar o impacto dessas práticas e ajustar suas estratégias continuamente para maximizar os benefícios e enfrentar novos desafios.

Fonte: Silvestrin Folha

Fonte: https://www.contabeis.com.br

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