Da mesma forma que a pandemia trouxe o home office com uma força enorme durante 2020 e 2021, agora o retorno ao trabalho presencial cresce no mundo inteiro, mesmo entre as empresas consideradas mais modernas e arejadas, como as de tecnologia. Os motivos alegados são muitos, e legítimos: aumentar a produtividade, melhorar a interação entre colegas, fortalecer a cultura corporativa, entre outros.
Para analisar o cenário dos modelos de trabalho do próximo ano, o diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, Fernando Mantovani, afirma que o modelo híbrido continua sendo uma boa opção para amenizar as vontades do empregado e do empregador.
“Mantenho a opinião de que o modelo híbrido pode ser uma ótima solução para organizações e trabalhadores. Entretanto, a realidade é que muitas empresas têm preferido o formato 100% presencial. Seja qual for a razão, uma coisa é certa, não estamos, sob hipótese alguma, voltando para o momento pré-pandemia, quando passar cinco dias por semana no escritório era normal e inquestionável”, afirma o diretor.
Qualidade de vida importa
No contexto que a pandemia ensinou para muitos que é possível trabalhar de outras formas, a qualidade de vida segue importando e se tornando um diferencial na hora de escolher uma vaga de emprego.
“Soa repetitivo dizer que a pandemia foi um divisor de águas, mas ainda está bem viva na memória das pessoas a importância de cultivar a qualidade de vida, mantendo-se mais próximo da família, se exercitando, se alimentando bem, entre outras medidas de saúde e bem-estar. Tanto é que a opção de trabalhar remotamente ainda tem um forte peso na hora de aceitar ou deixar um emprego”, comenta Mantovani.
Dados da 25ª edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH) dão a dimensão dessa realidade. De acordo com o estudo, 45% dos profissionais empregados disseram que, em um processo seletivo, além do salário, a flexibilidade de horário é o aspecto mais importante na escolha de uma vaga.
Ainda conforme os trabalhadores empregados, há diversas maneiras de as empresas investirem na flexibilidade no modo presencial. As cinco iniciativas mais citadas foram:
Valorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (71%);
Oferecendo mais opções de horários de trabalho e dias remotos (67%);
Flexibilizando os horários de entrada e saída do escritório (59%);
Promovendo um ambiente de trabalho saudável e inclusivo (55%);
Estabelecendo um canal de comunicação aberto a sugestões e feedbacks (35%).
“No entendimento dos profissionais ouvidos, a flexibilidade é essencial porque traz mais tempo para cuidados pessoais e familiares. A conta é simples: menos deslocamentos pela cidade e mais autonomia para gerir os próprios horários são fatores que impactam positivamente a disposição, o sono e o humor das pessoas. Gastar duas ou três horas por dia em trânsito, ao contrário, esgota a energia de qualquer um”, esclarece o diretor.
E as empresas, como elas têm respondido aos novos desafios do trabalho presencial?
Segundo os recrutadores que participaram do estudo, as organizações estão adotando principalmente essas cinco alternativas:
- Uso de tecnologias que facilitam a comunicação e a colaboração a distância (52%);
- Horários flexíveis de entrada e saída (49%);
- Trabalho remoto em dias específicos (47%);
- Ambientes de trabalho adaptáveis e colaborativos (32%);
- Canal de comunicação aberto para sugestões e feedbacks (31%).
Na opinião de mais metade das empresas (56%), flexibilizar as “regras do jogo” tem como principal benefício a satisfação dos funcionários. Contribuir para a qualidade de vida, a retenção de talentos e o bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional também foram bastante citados como efeitos positivos desse movimento.
Empresas do futuro serão flexíveis
O diretor ainda comenta que, mesmo que o home office seja reduzido, é fato que flexibilizar normas e hábitos tornou-se uma questão de sobrevivência para as empresas. “Com o avanço contínuo das tecnologias de comunicação e de colaboração, temas como trabalho remoto, jornadas flexíveis e nomadismo digital tendem a permanecer no horizonte dos trabalhadores”.
Ele destaca, a seguir, três pontos cruciais para empregados e empregadores fazerem o melhor uso possível da flexibilidade, com vantagens para todos:
– Tecnologia: as empresas precisam investir pesado nesse sentido, especialmente no aprimoramento contínuo dos colaboradores. Mesmo quem não é de TI deve se manter atualizado. O domínio tecnológico melhora a autonomia e o desempenho dos times;
– Projetos: trabalhar por projetos vêm ganhando força no Brasil e esse é mais um caminho para incrementar tanto a variedade de experiências quanto a liberdade de escolher quando e onde trabalhar. Para as empresas, essa alternativa significa ter um especialista para demandas específicas, evitando os custos associados a uma contratação por tempo indeterminado;
– Competências comportamentais: iniciativa, responsabilidade, organização e boa comunicação são qualidades cruciais para que um ambiente flexível funcione bem. O teletrabalho depende totalmente disso. As empresas e profissionais podem apostar nestas competências por meio de treinamentos, conversas, entre outras ações.
“A prosperidade de uma empresa apoia-se largamente na sua capacidade de adaptação ao mundo. Ignorar a realidade dentro e fora de casa, não é uma opção para quem deseja crescer. Que tal tentar compreender melhor os times e se abrir para mudanças?”, finaliza o diretor.
Com informações Fernando Mantovani e Robert Half