O governo federal quer qualificar 3 milhões de trabalhadores nos próximos dois anos, em parceria com o setor produtivo e organismos internacionais. A informação foi divulgada pelo secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa, nesta terça-feira, 10.
A qualificação visa preparar os trabalhadores brasileiros aos novos padrões tecnológicos da indústria e será trabalhada por meio de parcerias com o setor produtivo, o Sistema S e o Fórum Econômico Mundial.
“Estamos trabalhando para qualificar três milhões de trabalhadores nos próximos dois anos, para que eles consigam se adaptar a essa nova realidade”, informou Costa.
Segundo o secretário, a qualificação dos trabalhadores é parte da “transição para um mundo diferente, com a economia mais aberta e novos padrões tecnológicos”.
Ele explicou que o governo pretende apoiar a inovação e a indústria 4.0 com revisão das leis e das fontes de apoio à digitalização.
“Estamos avançando no apoio para que as empresas se digitalizem, em um programa que deverá alcançar no primeiro momento 200 mil pequenas empresas e dois milhões de empreendedores. É uma grande transformação que, inclusive, foi acelerada na pandemia”, contou.
Qualificação
Os dados mostram, contudo, que essa digitalização precisa ser acompanhada por um processo de qualificação dos trabalhadores.
Estudo do Fórum Econômico Mundial, que, segundo Costa, é parceiro do Brasil nesse programa de qualificação profissional, revelou que a automação pode acabar com 85 milhões de empregos no mundo nos próximos cinco anos.
A pesquisa ainda diz que outros 97 milhões de empregos, mais qualificados, podem surgir com o avanço da tecnologia. Porém, mostra o desafio que o Brasil terá para ocupar essas vagas.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, só 36,9% da população brasileira em idade de trabalhar têm habilidades digitais e apenas 16,5% têm uma educação avançada.
Por isso, a maior parte das empresas brasileiras admitiu aos pesquisadores que acelerou a digitalização dos processos de trabalho na pandemia, mas agora precisa requalificar seus trabalhadores.
Informais
Nesta segunda-feira (9), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reconheceu que a tecnologia acelerou tanto durante a pandemia de covid-19 que não deu tempo de muitos trabalhadores se prepararem para o novo mercado de trabalho.
“Teremos mais empresas de tecnologia tirando empregos, especialmente de informais”, alertou o presidente do BC, para quem esse processo já começou no Brasil, especialmente no setor de serviços.
Campos Neto admitiu, então, que a alta do desemprego registrada na pandemia não deve ser revertida tão rapidamente no Brasil. “No fim, temos o consumo voltando rápido, o Produto Interno Bruto (PIB) voltado rápido, mas o emprego não”, declarou, em evento da revista The Economist.
Costa garantiu que o governo também vem trabalhando em outras frentes para estimular o crescimento do setor produtivo e atrair investimentos que possam gerar emprego e renda no país.
Ele disse que, além de defender a retomada das agendas econômicas e a aprovação de novos marcos regulatórios de infraestrutura, a equipe econômica vem trabalhando em pautas microeconômicas que podem melhorar o ambiente de negócios no Brasil por meio da desburocratização e da simplificação.
A redução de custos também é uma prioridade nesse trabalho, segundo Costa. Ele explicou que, hoje, o custo Brasil chega a R$ 1,5 trilhão. “É o que custa para nossas empresas hoje, acima do que custaria se elas estivessem em um país mediano na OCDE”, frisou.
Ele disse ainda que o governo já conseguiu reduzir R$ 300 bilhões desse custo, mas segue trabalhando em cima dos problemas do setor produtivo para tentar reduzir ainda mais o custo Brasil. “Queremos baixar a menos da metade do que quando começou esse governo nos próximos anos e até chegar a zerar nos próximos cinco anos”, calculou.
Fonte: Correio Braziliense