A rede varejista Macy’s, uma das maiores dos Estados Unidos, identificou um erro contábil de US$ 151 milhões que afetou seus registros financeiros entre o quarto trimestre de 2021 e o terceiro trimestre de 2024. A falha foi causada por lançamentos intencionais de um funcionário, que ocultaram despesas relacionadas a entregas.
Embora o problema não tenha comprometido o fluxo de caixa, a posição financeira da empresa ou o pagamento de fornecedores, ele impactou diretamente o cálculo de bônus por desempenho, inflando os resultados de 2023.
Como resultado da distorção, a Macy’s pagou US$ 609.613 em bônus indevidos a seus executivos em abril de 2024. Esses valores foram determinados com base em métricas como receita total e Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Segundo a empresa, a receita total não foi afetada, mas o Ebitda ajustado foi superestimado em US$ 81 milhões, o que influenciou diretamente a bonificação. O erro elevou o lucro ajustado em 3,5%, em relação ao valor real, distorcendo a performance do negócio naquele exercício.
A Macy’s informou que corrigiu as demonstrações financeiras e está tentando recuperar os valores pagos indevidamente. Até o momento, US$ 257.520 já foram restituídos, restando cerca de US$ 352.093 a serem devolvidos.
Não está claro se os valores estão sendo deduzidos de salários futuros ou se há cobrança direta. Especialistas explicam que, nos Estados Unidos, leis estaduais dificultam a reversão de valores já creditados diretamente na conta de um funcionário.
Paralelamente, a empresa anunciou a saída do diretor financeiro (CFO) Adrian Mitchell, marcada para 21 de junho. Embora a demissão já estivesse planejada, o anúncio coincidiu com a divulgação dos dados e acentuou a atenção sobre a governança da empresa. O novo CFO será Thomas Edwards, executivo da Capri Holdings.
Reputação afetada
Analistas afirmam que, apesar do erro contábil não ter afetado de forma relevante a saúde financeira da Macy’s, o caso gera desgaste na imagem da companhia, principalmente por envolver bonificações infladas de altos executivos.
Em 2023, a compensação média dos principais executivos da Macy’s (exceto o CEO) foi de US$ 4,07 milhões, enquanto o diretor-presidente Jeff Gennette recebeu US$ 11,6 milhões. Nesse contexto, o bônus indevido de pouco mais de US$ 600 mil pode parecer pequeno, mas levanta questionamentos sobre os controles internos da companhia.
O episódio da varejista estadunidense destaca a importância da transparência contábil e da governança corporativa, especialmente em grandes companhias de capital aberto.
A Macy’s agiu para corrigir os dados e recuperar os pagamentos, mas o caso serve como alerta para o mercado sobre os riscos de falhas, intencionais ou não, nos registros financeiros, especialmente quando podem afetar decisões estratégicas e compensações variáveis.
Com informações do Valor Econômico