A vacinação contra Covid-19 no Brasil já começou com os profissionais da saúde. Mas o caminho é longo até que toda a população seja imunizada. Diante disso, pelo menos 50 grandes empresas estão negociando a compra de um lote de 33 milhões de doses da vacina da da Astrazeneca/Oxford, com objetivo de doar metade para o SUS e utilizar a outra parte para imunizar trabalhadores.
Inicialmente, a Vale e alguns bancos faziam parte da iniciativa, mas desistiram. Segundo apurou a CNN, está sendo feito um levantamento sobre o interesse entre diferentes setores de representação econômica no país, como siderúrgico, automotivo, máquinas e equipamentos, entre outros.
Se der certo a compra, já em fevereiro o Brasil receberá 11 milhões de doses. A ideia é que essa primeira parte do imunizante seja doada por completo ao SUS e as doses para aplicação em trabalhadores sejam destinadas na próxima leva.
Especialistas ficam receosos
Apesar da iniciativa ser pensada para ajudar acelerar a imunização dos brasileiros na contra o vírus da Covid-19, especialistas em saúde pública ficam receosos de que esse tipo de ação acabe competindo com o governo brasileiro na compra das doses de vacina.
Contudo, uma fonte da CNN que está envolvida no processo de negociação, afirma que esse lote foi produzido pela fábrica da Astrazeneca na Inglaterra e está reservado justamente para negociação com o setor privado.
Por ser um lote destinado a compra privada, o valor das doses é de US$ 25, muito acima dos US$ 5 pagos pelo governo brasileiro.
“Se as empresas brasileiras não comprarem, companhias de outros países vão compra”, disse um empresário à CNN com o compromisso de anonimato. Procurada, a Astrazeneca ainda não respondeu.
Imposições do governo
Diante da situação, que está sendo acompanhada de perto pelo governo federal, o executivo impôs algumas medidas. A primeira delas é que a importação das doses precisa passar pelo crivo da Anvisa e pelo menos 50% delas precisam ser doadas ao SUS.
As doses também não poderão ser comercializadas por essas empresas compradoras, só será permitido o uso para vacinação de trabalhadores.
Além dessa iniciativa de empresas do setor privado, a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVac) negocia a compra de doses da Covaxin, feita na Índia, para vender a empresas que queriam imunizar seus trabalhadores. O uso emergencial da Covaxin ainda não foi aprovado no Brasil.