O conceito de desperdício está relacionado a aplicação de recursos que não trazem benefícios para o investidor. Identificamos o investidor como pessoas físicas ou jurídicas, porém o foco desta nossa abordagem é o desperdício relacionado às empresas.
É comum identificarmos situações nas quais as empresas têm controles e apontamentos voltados a administrar o desperdício, o que leva à conclusão, que estas já consideram o mesmo como parte integrante do processo, e dessa forma, como integrante da operação; o que é um alerta, pois com a operação crescendo, eles tendem a aumentar, em paralelo, a evolução dos negócios.
Essa situação é identificada em vários pontos da estrutura da operação, seja na administração do estoque, na produção, nas despesas de áreas de suporte à operação, como área comercial, pós venda, administração, finanças e outras.
O que é interessante na questão, está relacionado a se manter uma administração do desperdício sem muitas vezes ter noção de sua extensão, e de seus impactos financeiros para o negócio, ocorrência às vezes inconsciente por parte do gestor.
Exemplo, é a má administração do estoque, que além de causar gastos desnecessários com a compra em si – com o transporte, gastos de armazenagem e seguro, traz na sua esteira, de forma desapercebida ou desconhecida, a necessidade de estorno de créditos de tributos indiretos como ICMS, IPI, PIS, Cofins – estornos esses que são somados ao valor do desperdício, que se pressupõe, de fácil identificação, ou seja, já temos aí um agregado de valor.
Devemos considerar, também, que esse desperdício, agora atualizado pelo adicional de impostos indiretos, impactará também o resultado da operação, o que deve ser considerado nessa valorização total. Assim, aquele valor de desperdício que muitas vezes é considerado parte integrante do processo, durante o mesmo vai tomando corpo de forma que sua valorização pode retirar a rentabilidade e a lucratividade do negócio.
No caso do estoque, temos forma de realizar essa administração de maneira a eliminar esse desperdício, ou seja, métricas quanto a definição de qual é o estoque de segurança, produtos por classe de uso, cláusulas contratuais de programação de compras e entregas, racionalização de uso de materiais em processos industriais através de programas relacionados ao controle da produção, e outras ações de administração deste item patrimonial.
Isso não ocorre somente com a questão de estoque, temos também, identificação desses eventos com energia elétrica, referente a gastos em áreas não ocupadas bem como com máquinas e equipamentos sem uso efetivo para o fim ao qual se destinam.
Podemos citar as áreas físicas que necessitam de manutenções preventivas e segurança patrimonial sem ocupação revertida em resultado para a empresa, e ainda despesas relacionadas às áreas de suporte como campanhas de divulgação de produtos que não demonstram ter expressividade na linha de fornecimento da empresa, ou, manutenção de instalações externas como armazéns de distribuição, ou mesmo escritórios avançados, que não justificam qualquer acréscimo de rentabilidade ao negócio, temos uma má administração de gastos relacionadas a CAPEX e a OPEX que poderiam trazer ganhos financeiros e operacionais.
Como mencionamos, é interessante que esses eventos, e vários outros que não trazem qualquer benefício ao negócio, talvez pela sua naturalidade de envolvimento operacional durante anos de atividade, ou mesmo, pela falta de conhecimento de sua extensão por parte de quem os administra são tratados como componente normal e natural de planos orçamentários, e outros controles econômicos e financeiros da operação.
Ponto que não podemos desprezar nessa análise é a evolução tecnológica que as empresas estão implantando e atualizando em suas transações. O uso de ferramentas dessa modalidade, tem o intuito de dar agilidade ao processo, agilidade essa, revestida de toda qualidade que o dado necessita ter para a boa gestão do negócio.
Quando temos o desperdício como parte integrante das operações e temos uma ferramenta de gestão baseada em tecnologia, um sistema “ERP”, corre-se o risco de darmos agilidade sem qualidade ao processamento de informações que são vitais na administração do empreendimento.
O exemplo acima referente ao estoque ilustra bem essa questão. Aceitar o desperdício como um componente das atividades tendo como suporte operacional um bom sistema de gestão, é agilizar a informação desse desperdício, ou seja, é dar corpo a ele de forma rápida e sem acompanhamento, isso pela agilidade do processamento, mas com total carência de qualidade. Essa agilização de processamento tem aplicação direta em todos os outros exemplos mencionados, ou seja, evidencia lá na ponta, lá na análise do resultado o quanto a empresa teve de investimento sem qualquer retorno.
Fundamental que a empresa tenha mecanismos e controles que parametrizem seu retorno de investimentos dentro da aceitabilidade legal e operacional de seu processo de produção e/ou de seu processo comercial. Esse mecanismo deve estar voltado a identificar e eliminar desperdícios de forma prévia aos ajustes deles de natureza material ou financeira.
Importante que, seja qual for a metodologia utilizada, haja a condição de se identificar a causa a corrigir, suas fontes de alimentação, valorizá-las, corrigi-las, implantar ajustes para eliminar as ocorrências perversas, validar procedimentos e a qualidade do seu fluxo de informações, de forma a tornar esse novo fluxo auto sustentável com métricas periódicas de acompanhamentos voltadas ao resultado.
Neste período de confecção do orçamento para 2023, questões relacionadas a revisão de métricas, de ajustes e eventos a eles vinculados, demonstram o componente intrínseco ao compromisso com o resultado do negócio
Identifique seus pontos de desperdícios de forma a eliminá-los e não de forma a fazer deles parte do processo.