Em reunião virtual nesta quarta-feira (13),promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o governo federal informou empresários de que será proibida a aquisição de vacinas por empresas para imunização de funcionários. A apuração foi feita pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Representantes do Ministério da Saúde, das Comunicações e da Casa Civil estavam respondendo dúvidas de empresários e executivos que já estavam se movimentando para importar o imunizante e foram claros dizendo que a vacinação ficará a cargo do governo, que garantiu ter doses para toda a população.
Uma das fontes que estava na reunião com o governo disse à imprensa ter saído do encontro “mais tranquilo” do que entrou. Alguns dos presentes, no entanto, fizeram críticas à comunicação contraditória do governo em relação à vacinação.
Após ser enfático com os empresários da reunião sobre a proibição de fazer uma imunização paralela ao governo, os representantes do executivo também afirmaram que já tem cerca de 500 milhões de doses contratadas.
Outro recado foi de que, pelo fato de ter um programa de imunização já estabelecido, o Brasil poderá recuperar o “tempo perdido” em relação a nações que já vêm vacinando há mais de um mês.
Do lado do governo, participaram o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto; o ministro das Comunicações, Fábio Faria; e o secretário-geral do Ministério da Saúde, Élcio Franco. Os empresários convidados para a reunião fazem parte de um grupo reunido pela Fiesp, chamado Diálogo Brasil, que visa a aproximar o setor produtivo das decisões do Palácio do Planalto.
Vacinação do setor privado
O setor privado ainda chegou a sugerir como alternativa, para acelerar a imunização, a doação de uma dose para o programa nacional de imunização para cada vacina aplicada em um funcionário. Contudo, o argumento oficial para descartar a oferta foi de que, com a produção tanto pelo Instituto Butantan quanto pela Fiocruz, não haverá falta de imunizantes.
A expectativa do governo é de que o país possa até se tornar exportador de vacinas mais para o fim deste ano.
A exemplo do que foi comunicado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazzuello, a previsão da reunião foi de que a vacinação no país deverá começar ainda na semana que vem, entre os dias 19 e 20.
Desde o início desta semana, o jornal O Estado de S. Paulo teve conversas com diversos empresários, que se dividiam em dois grupos: o primeiro já se movimentava para importar imunizantes para seus funcionários e suas famílias; o segundo considerava antiético “furar a fila” dos grupos de risco definidos: idosos, profissionais de saúde e portadores de doenças crônicas.
Uma grande varejista, com dezenas de milhares de empregados, chegou a dar os primeiros passos para importar vacinas para funcionários e seus familiares. A reportagem também apurou que uma empresa ligada ao setor automotivo também estava buscando alternativas para seus 3 mil colaboradores. Agora, essas iniciativas devem ser abandonadas.
Medida seria antiética
Por outro lado, outras companhias, mesmo antes do veto oficial, já tinham descartado usar seu poder econômico para que seus funcionários “furassem a fila” da imunização.
O presidente de uma grande indústria disse, em condição de anonimato, que, após uma reunião de diretoria, ficou acordado que a empresa não buscaria comprar vacinas.
“Isso faria sucesso com o nosso público interno, mas achamos que, em relação aos grupos de risco, seria antiético. Então, não faremos.”
Os empresários consultados disseram estar dispostos a dar apoio financeiro para agilizar a vacinação. As companhias aéreas já anunciaram que vão fazer o transporte das vacinas gratuitamente.
Procurados, os ministérios da Saúde, das Comunicações e da Casa Civil não se pronunciaram até o fechamento da edição da quinta-feira, 14, do jornal O Estado de S. Paulo.