A pandemia influenciou o envolvimento dos funcionários e sua resiliência no local de trabalho. Apesar de globalmente o envolvimento dos profissionais continuar baixo, no Brasil houve aumento no ano passado, é o que mostra a pesquisa realizada pela ADP Research Institute, no fim de 2020, em 25 países em todo o mundo e com cerca de 27 mil colaboradores entrevistados.
Um estudo como este foi realizado em 2018 e ao comparar os dois, a porcentagem de funcionários totalmente envolvidos em nível global diminuiu um ponto percentual. Hoje, 14% dos trabalhadores estão totalmente engajados.
O ranking é liderado pela Arábia Saudita (21%), seguido da Índia (20%) e África do Sul (19%). Já Coreia do Sul, Taiwan e China são os países com menor taxa de engajamento, com 6%, 8% e 8%, respectivamente .
No Brasil, houve um ganho de 4 pontos percentuais no engajamento dos trabalhadores, que subiu de 14% em 2018 para 18% em 2020.
A pesquisa também consultou os entrevistados sobre a resiliência, definida como a capacidade de resistir a condições desafiadoras no local e durante o trabalho, e o índice também é baixo. Apenas 15% dos colaboradores em todo o mundo são altamente resilientes. Os países com maior porcentagem de funcionários altamente resilientes são: Índia (32%), Arábia Saudita (26%) e Emirados Árabes Unidos (24%).
Já os com a menor taxa são Taiwan, Suécia e Coreia do Sul, com 8% cada. No Brasil, a taxa de trabalhadores altamente resilientes chega a 16%.
Resiliência x Covid-19
De acordo com o levantamento, o nível de resiliência dos entrevistados muda de acordo com a experiência pessoal com a Covid-19. As pessoas que tiveram uma experiência com a doença demonstraram níveis mais elevados de resiliência.
Esse nível variou bastante de país para país e tipo de trabalho: 61% dos egípcios e 51% dos brasileiros têm sido afetados pessoalmente, enquanto apenas 6% dos japoneses e 5% dos taiwaneses sentiram o efeito.
Além disso, as mudanças no local de trabalho devido à pandemia acabaram produzindo efeitos secundários na economia e nas empresas. Entre as mudanças apontadas pelo estudo estão maior uso de tecnologia, mais horas de trabalho, migração para o trabalho virtual, demissões, diminuição de salário ou de jornada, incentivo a tirar férias antecipadas, promoções colocadas em espera, entre outras.
Segundo Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina, a experiência de mudança também influenciou nas expectativas das pessoas em relação ao futuro do trabalho.
Quanto mais mudanças os trabalhadores experimentaram, maior a probabilidade de preverem que elas se tornariam permanentes. No geral, 97% dos trabalhadores experimentaram uma ou mais dessas mudanças. Nenhum país ficou abaixo dos 90% de seus trabalhadores passando por mudanças como resultado da Covid-19.
“Essa descoberta tem implicações profundas para os gestores das empresas. As pessoas precisam de fatos, não de ilusões. A experiência da realidade e a gravidade do problema ajudam a construir a resiliência no local de trabalho, fazendo com que as pessoas enfrentem seus medos e utilizem toda a sua capacidade de superação”, conclui Mariane.