A pandemia da Covid-19 afetou drasticamente nossa forma de viver e desde então busca de métodos diagnósticos e vacinas tem sido o principal foco das autoridades pelo mundo. Mas, infelizmente, a desinformação é notável em relação a biologia dos coronavírus bem como as metodologias utilizadas para o diagnóstico e produção de vacinas.
Muitas opiniões proferidas por cientistas e especialistas que não possuem especialização na área de virologia, biologia molecular e infectologia, por exemplo, confundem as pessoas, empresas e até mesmo sistemas de saúde.
A retomada da maior parte das atividades econômicas iniciou há alguns meses, e um exemplo disso foi a reabertura de comércios, bares e restaurantes e a implantação de formatos de trabalho no modelo híbrido (home office e presencial) em escritórios nas grandes cidades. Porém, para se adequar à nova realidade, algumas medidas precisaram ser tomadas, como o uso obrigatório de máscaras, distanciamento físico pré-determinado, aferição de temperatura e disposição de álcool em gel 70%.
No caso de algumas empresas, um dos métodos utilizados para garantir uma retomada segura para todos é realizar a testagem em massa de seus colaboradores previamente. Para isso, estas companhias realizam a compra de lotes de testes em parcerias com convênios e laboratórios.
Mas com relação às metodologias de diagnóstico, devemos pensar e escolher com consciência e parcimônia quais serão utilizados nos colaboradores e em nós mesmos. Entretanto, o mercado vem sendo inundado por metodologias “alternativas” e pouco confiáveis por apresentarem falhas. Um dos principais motivos destas falhas é a pressa em lançar um produto no mercado sem os devidos testes, a fim de aproveitar a alta demanda.
Um exemplo recente disso é o banimento dos testes TrueNat e CBNAAT por parte da empresa aérea Air India para os seus passageiros depois que alguns passageiros testaram positivo para o Covid-19 ao pousarem, mesmo tendo feito outros testes que deram negativo. A decisão foi tomada para banir os métodos utilizados anteriormente e a partir de agora todos os passageiros que forem viajar para os Emirados Árabes Unidos pela companhia área deverão utilizar o método de diagnóstico RT-PCR (ou PCR em tempo real).
O PCR em Tempo Real é o método recomendado pela OMS e ANVISA, devido sua robustez, que permite controles positivos e negativos com mais assertividade, análise de diferentes segmentos do material genético dos vírus e várias outras informações que permitem aos pesquisadores a mais completa segurança na emissão dos laudos.
Assim como ocorreu com os testes moleculares TrueNat e CBNAAT com a Air India, outros tipos de testes tais como o LAMP, podem ter problemas de falsos negativos e/ou falsos positivos, isso porque o método LAMP não possui controles positivos internos. Apesar de ser uma tecnologia conhecida desde os anos 90, ela não é amplamente utilizada justamente pelos motivos citados.
Tais tecnologias alternativas de diagnóstico como o LAMP e os sorológicos comercializados em farmácia são perigosas para as pessoas por motivos de saúde, já que com um falso negativo o paciente contaminado não realizará as devidas recomendações de quarentena, podendo contaminar outros indivíduos.
Estes testes menos assertivos também oferecem risco às empresas do ponto de vista jurídico, já que existe a chance de um colaborador que tiver feito um teste custeado pela empresa e apresentar um resultado falso positivo ou negativo processá-la por danos morais e prejuízo.
Independente de questões técnicas da área médica em relação aos tipos de métodos disponíveis hoje no mercado, o mais importante é priorizar a segurança e saúde de todos. Neste caso, se uma empresa tem dúvidas em relação a qual teste utilizar na proteção de seus colaboradores, o ideal é ouvir as principais autoridades médicas ou até mesmo conversar com um especialista no assunto.
*Euclides Matheucci Jr. é co-fundador e presidente da empresa de biotecnologia DNA Consult e professor e orientador no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia na Universidade Federal de São Carlos. Euclides também é criador do teste #SalvaVidasCovid que contribui para empresas retomarem suas atividades com a testagem dos colaboradores.