A importância da visibilidade trans e travesti na contabilidade

A importância da visibilidade trans e travesti na contabilidade

No Brasil, desde 2004, janeiro é celebrado o mês da Visibilidade Trans e Travesti que, segundo Noah Scheffel, CEO da educaTRANSforma, iniciou quando integrantes da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e de diversos movimentos sociais do Brasil foram ao Congresso Nacional reivindicar por direitos relacionados ao acesso à saúde, respeito aos seus nomes, direito ao trabalho decente, direito à vida, entre outras. 

Desde aquele dia 29 de janeiro, anualmente essa data tem o significado da resistência, visibilidade e luta pelos direitos de pessoas trans e travestis dentro da sociedade brasileira. Dia 29 de Janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti no Brasil. 

No entanto, para além do mês de janeiro e do dia 29, as pautas devem ser lembradas no ano todo, considerando que segundo a Transgender Europe (TGEU) há 15 anos o Brasil está no topo da lista como o país que mais mata pessoas trans e travestis em todo mundo. 

A expectativa de vida de mulheres trans e travestis negras é de 28 anos e de não-negras é de 35 anos, enquanto da população em geral segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de aproximadamente 75,5 anos.  

Além disso, 90% das mulheres trans e travestis no Brasil utilizam da prostituição como fonte primária de renda, pois grande parte das empresas brasileiras não as contratam por transfobia, preconceito ainda presente na cultura organizacional.  

Diante do exposto, questiono: qual o papel da contabilidade nesse cenário? 

Em 2021, desenvolvi um estudo científico com o mapeamento de relatos de pessoas trans e travestis que passaram pela contabilidade. As trajetórias foram repletas de desafios, com preconceitos sofridos tanto em cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis, quanto em escritórios de contabilidade. 

Nesse sentido, observo que a mudança deve iniciar a partir de cada indivíduo para que mudanças maiores e coletivas aconteçam. Falar sobre diversidade é falar sobre pessoas e colocar em prática ações que possam transformar vidas. 

Os ambientes contábeis são inclusivos ou oprimem grupos minorizados? 

  • Quantas pessoas trans e travestis você conhece trabalhando em escritórios de contabilidade ou em departamentos de contabilidade? 
  • Quantas contadoras trans e travestis você conhece?
  • Quantas pessoas trans e travestis você conhece atuando como docentes de Ciências Contábeis ou estudantes de graduação, mestrado e/ou doutorado em Contabilidade? 

É importante que nos cursos de Ciências Contábeis e nos escritórios de contabilidade possa haver rodas de conversa com pessoas trans e travestis para que possam compartilhar suas experiências acadêmicas e profissionais. 

Aos contadores e contadoras cisgêneros, contratem serviços de pessoas trans e travestis para apoiarem ações internas de conscientização. Consumam e comprem de empreendedores trans e empreendedoras trans e travestis. Conheçam a primeira rede de empreendedorismo trans e travesti do Brasil: o Empodera Trans. 

Contratem profissionais trans e travestis para os eventos da sua organização e no ambiente acadêmico, para as semanas de Ciências Contábeis, tanto na graduação, quanto na pós-graduação. Cadastre o seu escritório de contabilidade na Transempregos e torne o seu escritório contábil transinclusivo. 

Há muitos materiais gratuitos com orientações voltadas para o respeito, inclusão e acolhimento de pessoas trans e travestis diversas.

Oportunidades (trans)formam vidas e as suas ações inclusivas fazem toda a diferença!

Abraço!

Fonte: https://www.contabeis.com.br

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