Houve uma mudança drástica e significativa no conceito da ética com o transcorrer do tempo, simbolizada por uma flexibilização ética que passou de tradicional para uma crise de valores que dificilmente pode ser combatida, tornando mais complexo o fato de comandar as condutas humanas.
A deterioração da ética empresarial implica no descompasso que há entre a ética tradicional pautada em um modelo impositivo e absolutista e um sistema dotado de carência de parâmetros e noções éticas, que causa pânico ao meio corporativo devido à falta de orientação, conceitos e regras essenciais para conduzir os players a agir da maneira correta e devida.
Ademais, a ética tradicional deu vez à ética pós-moderna, formada por três características, quais sejam: as relações humanas; as relações econômicas e as relações jurídico-sociais. Essas características estão totalmente atreladas ao conceito de empresa, quanto instituição e corporação.
No entanto, a ética empresarial pós-moderna trouxe relevantes modificações na base conceitual dos institutos jurídicos, que consequentemente sofreu um abalo significativo em sua estrutura, mas que, ainda assim, tem buscado, por intermédio de juristas, se acomodar em seus novos parâmetros.
A reflexão da ética dentro do âmbito corporativo se inspira na interligação que há entre as ações e reações do ser humano, uns para com os outros, em uma relação de paridade entre sua intenção interna e sua condição externa de existência.
Neste ínterim, a liberdade de decidir eticamente sobre como se relacionar em uma instituição empresarial, traduz a ideia de que deve haver um equilíbrio entre as propensões internas do indivíduo e os estímulos que ele recebe do meio corporativo em que está inserido.
Portanto, é importante entendermos que a ética coletiva empresarial consiste em uma sequência de ações individuais que são provocadas pelo próprio ambiente corporativo, tendo em vista que a ética implica no agir do indivíduo formado por uma consciência ética voltada para a coletividade.
Podemos concluir que a deterioração da ética empresarial aconteceu no exato momento em que deixamos de nos atentar ao fator humano de cada pessoa que compõe uma empresa, sendo ela o gestor, o funcionário ou o terceiro contratado, para focarmos no lucro que a máquina empresarial precisa gerar.
Sendo assim, penso que a solução seria estudarmos, minuciosamente, a origem da ética para adequarmos nossas condutas internas ao que, realmente, condiz com o que queremos ser e realizar, para que, então, tenhamos um ambiente empresarial pautado em princípios morais que norteiem toda a gestão empresarial.