A cisgeneridade existe? Sim, existe e precisa ser reconhecida, estudada e os privilégios sociais questionados. Se você que está lendo esse artigo se identifica com o mesmo gênero designado no seu nascimento, você é uma pessoa cisgênera, também chamado de cis, forma abreviada de cisgênero.
Pessoas cisgêneras possuem o privilégio social da cisgeneridade, por não possuírem prejuízos quanto ao acesso aos espaços por serem cisgêneros, ao contrário da realidade das pessoas transgêneras (trans) que se referem às mulheres trans, travestis, homens trans, transmasculinidades e pessoas não-binárias que, por serem trans, enfrentam muitos desafios para o acesso a questões básicas no Brasil, como exemplo, acesso a saúde, educação e mercado de trabalho.
Quando a pessoa é trans e tenta uma vaga de emprego, infelizmente o gênero vem na frente da competência e qualificação profissional, fato este que segundo Bruna Benevides e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), cerca de 90% das mulheres trans e travestis estão na prostituição de maneira compulsória e utilizam desta como fonte primária de renda para sobrevivência, pois grande parte das empresas brasileiras não as contratam por preconceitos enraizados na cultura das organizações.
Por outro lado, se uma pessoa cisgênera tenta uma vaga de emprego, essa pessoa, principalmente os homens cisgêneros (independentemente da orientação sexual) não tem seu gênero questionado ou utilizado como critério se vai avançar na vaga ou não, já pessoas trans e travestis sim, infelizmente, essas pessoas têm suas identidades questionadas, invalidadas e são oprimidas por serem quem são.
Portanto, é necessário que todas as pessoas cisgêneras reflitam sobre os seus privilégios sociais, reconheçam o privilégio de ser cisgênero em uma sociedade estruturalmente transfóbica e violenta para pessoas trans e travestis e se tornem pessoas aliadas na luta contra os preconceitos e discriminações presentes nos mais diferentes espaços da sociedade brasileira.