“Quando acreditamos em um projeto, insistimos em dizer que sabemos o que fazer, porque amamos aquela ideia e sonhamos com ela. Sendo assim, que ações sua paixão te leva a executar? Ela fornece um ambiente para o risco e para a certeza de que a falha não é uma ofensa passível de demissão. O OKR cultiva a loucura. E quando se tem esse tipo de estrutura e de ambiente, e as pessoas certas, a mágica está logo ali.” – Bono Vox
OKR é um sistema de definição de metas e acompanhamento de objetivos estratégicos, que pode ser utilizado por empresas de qualquer tamanho, desde negócios embrionários até empresas multinacionais de grande porte.
Um OKR é formado por Objetivo (O) e Resultados-Chave (KR).
Objetivos
Deve ser significativo, concreto, orientado à ação e inspirador. Ao definir um objetivo, pergunte-se: ele ajuda a atingir as metas da empresa? É realmente inspirador? Faz com que a empresa avance? Tem um prazo definido? Qual?
O mais comum é que seja trimestral, mas pode ser mensal, semestral, anual ou dentro de X anos. Não deve ser fácil demais e não é um Planejamento/Projeto.
Exemplos de Objetivos
- Melhorar a satisfação do cliente;
- Atingir recorde de receita no trimestre;
- Aumentar o reconhecimento da marca.
Se o seu objetivo for algo como “continuar gerando receita”, ele não cumpre o checklist de ser significativo, concreto, orientado à ação e inspirador, e portanto não é um objetivo.
Resultados-Chave
Devem ser específicos, delimitados pelo tempo, agressivos porém realistas (atingíveis), mensuráveis e verificáveis.
Não são tarefas a serem realizadas, são metas a serem atingidas. Também não são binários (sim ou não), são numéricos e atualizáveis ao longo do prazo. São sempre baseados em crescimento, desempenho, receita ou engajamento.
Exemplos de Resultados-Chave
- Gerar R$ 100 mil em novas receitas;
- Reduzir o CHURN de clientes no primeiro trimestre de 15% para 10%;
- Converter 300 novos clientes.
Se o seu Resultado-Chave for algo como “lançar nova linha de negócios”, ele não cumpre o checklist por não ser mensurável e verificável.
A partir dos Resultados-Chave estipulados serão definidas as iniciativas, ou seja, planejamentos, projetos e tarefas que irão promover as ações necessárias para alcançar esses resultados, e consequentemente os objetivos.
Qual é a diferença e como se complementam o OKR X KPI (Indicadores-Chave de Desempenho)?
Não é possível comparar diretamente, pois não estão no mesmo nível. Também não faz sentido dizer que está trocando de um para o outro. As empresas podem ter ambos, e geralmente um KPI abaixo da meta pode indicar que um OKR é necessário.
Por exemplo, um KPI que monitora os leads (novos clientes em potencial) detectou que a meta de 50 não está sendo atingida.
Verificou-se então que os leads estavam sendo gerados por um e-book lançado há 5 anos. Então, ao invés de gerar um Resultado-Chave de “aumentar os leads de 40 para 50”, geramos um de “atualizar e-book e alcançar 2.500 downloads”.
Erros mais comuns na implementação dos OKR
1. Objetivos pouco desafiadores ou impossíveis: o normal é atingir em média 70% no período estipulado;
2. Não revisar os OKRs regularmente: o progresso deve ser atualizado e as rotas corrigidas. O ideal é que seja revisado semanalmente com a equipe;
3. Ter muitos Objetivos ou Resultados-Chave: a falta de prioridades pode levar à perda do foco. O ideal são 3 Objetivos para cada setor e de três a cinco Resultados-Chave para cada Objetivo;
4. Seus Resultados-Chave (KRs) não são mensuráveis: dessa forma não haverá como medir e atualizar o progresso;
5. Não manter um quadro geral em mente: cada um deve entender o seu papel e como contribuem para tudo. Os Objetivos das pessoas devem estar de acordo com os Objetivos dos setores, que por sua vez estão de acordo com os Objetivos da empresa.
Caso Google Chrome
Desde a sua fundação, a cada trimestre, todo funcionário do Google têm elaborado seus Objetivos e Resultados-Chave, os tem classificado e publicado para todos verem. Não com a finalidade de bônus ou promoções, isso é definido à parte. Mas são usados para um propósito maior, que é conseguir comprometimento coletivo para verdadeiramente definir metas desafiadoras.
Em 2008, um funcionário do Google, Sundar Pichai, aceitou o objetivo de construir a próxima geração da plataforma de clientes para o futuro das aplicações web. Em outras palavras, construir o melhor browser.
Ele foi muito atencioso ao escolher seus Resultados-Chave. Como medir o melhor browser? Poderia ser cliques em anúncios ou engajamento. Não, ele disse: “Número de usuários”. Pois são os usuários que irão decidir se o Chrome é um ótimo browser ou não.
Ele tinha um único objetivo (O) de três anos: construir o melhor browser. A cada ano ele mantinha o mesmo Resultado-Chave (KR): número de usuários. Mas ele subiu a aposta.
No primeiro ano, a meta era 20 milhões, mas ele não conseguiu cumpri-la, conseguiu menos de 10 milhões. No segundo ano, ele subiu a meta para 50 milhões. Ele conseguiu 37 milhões de usuários. No terceiro ano, ele subiu a meta mais uma vez para 100 milhões. Lançou uma campanha de marketing agressiva, ampliou a distribuição, aperfeiçoou a tecnologia e bum! Ele atingiu 111 milhões de usuários!
Esse caso é importante, não por que foi bem sucedido, mas porque mostra um caso que alguém que escolheu cuidadosamente o Objetivo e Resultado-Chave certo e não o perdeu de vista ano após ano.
“OKRs são como artérias transparentes feitas com os objetivos e métricas das nossas ambições. O que realmente importa é a motivação que despejamos neles, a razão pela qual fazemos nosso trabalho. Não é uma solução mágica. Não será substituto para uma cultura forte, ou para uma liderança mais forte. Mas quando tais princípios estão em cena, eles podem levá-lo ao topo da montanha”, John Doerr
Seja minucioso ao definir seus valores, seus objetivos e seus Resultados-Chave. Podemos colocar o nosso negócio no rumo certo, se pudermos canalizar a nossa energia para fazer e medir o que realmente importa.
Por: Marceli Fonseca, contadora, empresária contábil há 20 anos na ContControl Assessoria Contábil, formada em Ciência da Computação, especialista em Gestão Tributária e Gestão Financeira, atuando com empresas de grande porte com foco em supermercados. Tem como missão unir tecnologia, contabilidade e gestão para alavancar empresas.
