Geração atual vai na contramão dos pais e ficam menos tempo em empregos

Geração atual vai na contramão dos pais e ficam menos tempo em empregos

O ideal de sucesso é muito diferente para a juventude atual: não são cargos altos, com salários fixos, horários determinados e planos de carreira. O que é almejado hoje é muito diferente do que os pais e avós desses jovens buscavam.

Os recém-formados entram em um cenário de constante atualização, no qual existem outros conceitos de empresas, como startups, outros empregos bem remunerados, como os de influenciadores e é cada vez mais difícil encontrar seu caminho com tantas ofertas, mas que nem sempre são fáceis de se adaptar.

Escritórios, trabalhos presenciais, uniformes, pontos obrigatórios, concursos públicos e outras rotinas de trabalho não são tão atrativas para todos os novos profissionais, como explica o professor dos cursos de Graduação e Pós-graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Marcos Minoru Nakatsugawa, que lista alguns dos motivos que podem explicar esta situação.

Choque de gerações

O choque geracional sempre existiu e trouxe mudanças de atitude e comportamento, no mundo todo. “Não se trata de uma prerrogativa do mundo contemporâneo, não é uma grande novidade, como muitos dizem”, diz Minoru.

“As gerações de hoje nem de longe têm o pensamento de seus avós ou bisavós, que almejavam estabilidade, por meio de concursos públicos. Seus próprios pais são de outra geração, pois valorizam o trabalho e o sucesso profissional, medido pela ascensão vertical ou por fazer carreira em grandes corporações, preferencialmente multinacionais. Nossos avós ou bisavós certamente também possuíam outras perspectivas de carreira e de vida, se comparados a nossos tataravós”.

O especialista explica que atualmente é falado em ciclos de carreira, que tendem a ser mais curtos, porque os próprios conceitos de emprego e de sucesso mudaram. É óbvio que alguém com mais de 50 anos terá uma visão de sua vida e de sua carreira bem diferentes dos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. O choque é inevitável. 

Versatilidade na atuação

Minoru diz que hoje se fala muito mais em “trabalhabilidade” do que em “empregabilidade”, que seria a capacidade do indivíduo em gerar valor pelo seu trabalho, independentemente de seu vínculo empregatício com as organizações onde atua que faz a diferença.

“O mundo não é nada estável. Uma das poucas certezas em nossas vidas é a de que tudo está em constante mudança. As novas tecnologias impulsionam tais mudanças, fazendo com que as pessoas sejam expostas a diferentes cenários, o tempo todo, e criando novas oportunidades e modalidades de trabalho. E os jovens, que anseiam por novidades, movimentam-se no mercado em busca delas. Se a empresa não oferece algo novo, eles saem”.

Gestão nas empresas

Muitas empresas ainda se preocupam em reter os assim denominados talentos, como se seu objetivo fosse forçá-los a ficar, quando deveriam investir em ações de engajamento – ou seja, motivar as pessoas a ficar porque se identificam, de alguma forma, com as organizações.

“A motivação vem de dentro do ser humano, é intrínseca. As empresas, representadas por seus líderes, perdem muitas oportunidades de se comunicar abertamente com seu pessoal, identificando, por meio desse diálogo franco, o que efetivamente motiva as pessoas a se engajarem com os negócios da companhia”.

Propósito de vida

Outro importante fator declarado pelos jovens para mudarem de emprego é a busca de um propósito na vida e no trabalho.

“Muitos não encontram esse propósito e, por isso, acabam, ao trocar de trabalho, buscando algo que ainda não sabem o que é. Como orientador de carreiras, quando pergunto às pessoas seus objetivos na vida, o legado que querem deixar à sociedade… geralmente, elas não conseguem responder. Vejo muitos fazendo movimentos de carreira por um ideal ainda não materializado”.

Há um ponto positivo, todavia, nessa busca por um propósito: o de que a pessoa acaba se desenvolvendo, de uma forma ou de outra. “É claro que, com objetivos e planos bem definidos, é mais fácil definir e executar a estratégia de desenvolvimento. Mas não é de todo ruim a experiência de aprender por tentativa e erro, de aprender com erros causados por falta de orientação ou planejamento”.

Definir um propósito não deve cercear as pessoas em seus movimentos de carreira: o caminho que leva ao objetivo pode ser tortuoso. Se é que não deve. A carreira em “T” exemplifica o ideal de desenvolvimento pessoal e profissional, neste contexto: a especialização é representada pela vertical do “T”, enquanto que sua barra horizontal se refere às movimentações de carreira que objetivam aumentar o seu escopo de atuação – e até mesmo de “trabalhabilidade”.

“O propósito delimita os movimentos e impede que as pessoas fiquem ziguezagueando, sem saber ao certo se essa dinâmica as está conduzindo aos seus objetivos, ou se as está estacionando ou retrocedendo, em termos de competências e carreira”, finaliza Minoru.

Com informações Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)

Fonte: https://www.contabeis.com.br

Veja Também