A antecipação do calendário de vacinação em alguns Estados tem gerado expectativas positivas em diversos segmentos da economia diante da possibilidade da diminuição das restrições à mobilidade, afinal isso beneficia a atividade e reforça o viés positivo da bolsa de valores.
Em cálculos elaborados ontem a pedido do Valor, a Confederação Nacional de Comércio, Serviços e Turismo (CNC) prevê alta de 4,1% no faturamento do varejo em 2021, mais que os 3,9% divulgados na semana passada.
Impactos da imunização
O faturamento bruto total deve alcançar R$ 1,97 trilhão, R$ 3,7 bilhões a mais do que o previsto antes dos novos planos de avanço da imunizados governos estaduais.
Esse dado, levantado pelo economista sênior da CNC, Fabio Bentes, é relevante porque, apesar das análises do efeito direto entre vacinação e retomada econômica, ainda não havia números claros do impacto do aumento na imunização no consumo.
No turismo, ele estima expansão de 17,8%, versus 16,7% calculados até a semana passada, o que equivale a R$ 3,2 bilhões a mais em faturamento no ano, para R$ 411,7 bilhões. “O fato é que apesar de um cenário ainda ruim para inflação, juros e renda, a vacinação hoje é muito mais decisiva que todas essas outras variáveis”.
O turismo, um dos mais afetados, já vê sinais positivos. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas Eduardo (Abear), a média diária de partidas esperadas em junho deve chegar a 55% da oferta pré-pandemia – ante 42,8% em maio. Mas é preciso um maior avanço na vacinação para que o setor comemore.
“Qualquer retomada de atividade econômica virá com cerca de 70% da população vacinada com duas doses. É a partir daí que vemos que não haverá retrocesso”, diz Eduardo Sanovicz, presidente da entidade.
Atrasos na vacinação
Por isso, empresários ainda se planejam com cautela devido às incertezas que ainda pesam sobre o programa de imunização no país.
O Governo de São Paulo, por exemplo, antecipou em um mês a vacinação por faixa etária, mas – como acontece com todos os Estados – depende das entregas do Ministério da Saúde, que tem sofrido seguidos atrasos.
Além de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará e Amazonas são alguns dos outros Estados que já anunciaram a conclusão da aplicação da primeira dose em toda a população adulta entre agosto e outubro.