A correta avaliação do valor de mercado de uma empresa é tarefa complexa e de difícil projeção com alguma margem de segurança.
Há alguns anos havia uma discussão pouco produtiva sobre goodwill, um neologismo utilizado para se avaliar o valor invisível de uma empresa. Havia até discussões nada promissoras sobre a real necessidade de se demonstrar, contabilmente, esse suposto valor de mercado de uma empresa.
A tradução desse termo, sem entrar na questão conceitual, é: futuro promissor. Se for uma tradução livre do inglês para o português esse significado muda para “boa vontade”. Observe-se que em contabilidade não basta ter boa vontade.
Acontece que o mercado, em toda sua extensão, é muito dinâmico e há variáveis externas que são imprevisíveis. Chamo essas variáveis pela sigla FEI, indicando que são originadas de Fatores Externos Incontroláveis. A pandemia, declarada mundialmente em março de 2020, foi responsável por desmontar e comprometer muitos planejamentos estratégicos que não podiam prever esse fator externo incontrolável tão relevante. Aquela pandemia afetou empresas no mundo inteiro. Algumas mais do que outras. Houve benefícios para algumas da área de pesquisa e de produção de máscaras, vacinas, respiradores etc., mas foram muito poucas as empresas beneficiadas.
O valor de mercado de uma empresa não está associado tão-somente aos valores de seus ativos, tangíveis ou então intangíveis. A avaliação é muita mais complexa quando envolve área de atuação, perspectivas de crescimento futuro, concorrência, situação econômica do país e muitas outras variáveis.
Considero que a ideia de utilizar o goodwill como um potencial fator de avaliação do valor de mercado de uma empresa, não é suficiente para uma análise mais consistente, embora isso possa representar uma excelente vantagem competitiva para uma empresa, associando-se tal procedimento ao interesse de investidores, fornecedores, clientes etc.
Desse modo, entendo que não é possível reconhecer com algum grau de confiabilidade o verdadeiro valor de mercado de uma empresa. Quando uma empresa é colocada à venda, é comum que o valor pago pelo comprador seja maior do que o valor de mercado. Essa quantia paga a mais pode ser considerada o goodwill, sob a ótica financeira e mercadológica.
Isso acontece porque o potencial de uma empresa pode ir bem além daqueles representados pelos ativos tangíveis, conhecidos como bens materiais, e seus demais ativos realizáveis (contas a receber, por exemplo). Outros pontos que não têm a ver com a infraestrutura e tudo que é invisível aos olhos pode significar um grande valor de ativo.
O goodwill, portanto, não pode ser observado no balanço patrimonial de uma empresa, visto que todos os ativos intangíveis não contam com um limite determinado ou um tempo de duração.
Existem diversos itens classificáveis como intangíveis, podendo ser eles identificavam ou não. Um exemplo comum de um ativo intangível não identificável é o goodwill. Este pode ser descrito como a soma daqueles atributos intangíveis de um negócio que contribuem para o seu sucesso, tais como: uma localização favorável, uma boa reputação no mercado, a habilidade e perícia dos seus empregados e gestores e a relação saudável com credores, fornecedores e clientes. Esse conjunto de fatores intangíveis juntos formam o goodwill,
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, em seu pronunciamento CPC 15 – Combinação de negócios, define goodwill assim: ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes dos ativos adquiridos em combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos.
Desse ponto de vista, pode-se afirmar que o goodwill é um ativo intangível que surge quando uma empresa possui capacidade de gerar lucros superiores ao normal para o setor no qual atua, por conta da sinergia de diversos ativos intangíveis que não podem ser isoladamente identificados.
Ocorre que o conceito de goodwill pode ser claramente definido, mas sua mensuração é um tópico controverso e de difícil aplicação na contabilidade, porque sua natureza vaga e a dificuldade de se chegar a um valor que seja verificável impedem que se façam registros consistentes e confiáveis.
Esta é uma questão que, do meu ponto de vista, não apresenta solução para a contabilidade reconhecer valores em suas demonstrações financeiras.