No primeiro semestre de 2023, os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) totalizaram alta de 53% em relação aos 12,3 bilhões do mesmo período de 2022.
De janeiro a junho de 2023, o banco aprovou 71,5 mil operações de crédito para essas empresas.
Além do crédito, se forem também consideradas as operações de garantia, o aporte do BNDES para MPMEs alcançou R$ 43 bilhões no primeiro semestre do ano.
Vale destacar que o banco promoveu esse aumento nos desembolsos ao esforço de desburocratizar o acesso ao crédito e às condições de prazo mais competitivas em relação aos bancos comerciais.
Avaliando a linha do tempo, os desembolsos para micro, pequenas e médias empresas representam entre 40% a 60% do total financiado pelo banco de desenvolvimento.
Confira como foi a distribuição do aporte para as empresas:
- R$ 12 bilhões, dos R$ 18,9 bilhões aprovados em empréstimos, foram destinados à aquisição de máquinas e equipamentos;
- R$ 2,8 bilhões a projetos de investimento;
- R$ 2,2 bilhões a capital de giro;
- R$ 1,2 bilhão a outras finalidades.
Elevação dos desembolsos
Segundo o diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, a elevação dos desembolsos é resultado do esforço do próprio banco para agilizar o acesso ao crédito pelas empresas, bem como não houve subsídios para os financiamentos.
“A gente só não conseguiu resolver a taxa de juros já que a TLP [Taxa de Longo Prazo] tem vínculo com a Selic. Mesmo assim, conseguimos aumentar esse público trabalhando com prazos maiores, com a desburocratização do crédito e dando mais agilidade aos financiamentos”, afirma Abreu.
No apoio às MPMEs, a principal modalidade é a indireta automática, em que os recursos do BNDES chegam aos empresários por meio de agentes financeiros, podendo ser agências de fomento, bancos de desenvolvimento regionais, bancos comerciais, tanto privados quanto públicos, entre outros.
Além disso, outra categoria envolve as operações de crédito com soluções de garantia do BNDES, como o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC).
Vale lembrar que o programa foi reaberto em abril do ano passado, depois de vigorar entre junho e dezembro de 2020.
A intenção é ampliar o acesso ao crédito para microempresários individuais (MEIs), MPMEs com concessão de garantias em financiamentos. Nessa modalidade, foram disponibilizados R$ 24,1 bilhões para as MPMEs no primeiro semestre de 2023.
“O Fundo Garantidor funciona como uma espécie de avalista da operação. Ele consegue atingir clientes que geralmente não atingiria, que têm determinado grau de risco e estão precisando de financiamento”, diz Abreu.
Essa estratégia faz parte de um esforço para inserir as pequenas e médias empresas na política de “neoindustrialização” do governo federal.
Vale destacar que o BNDES é um dos parceiros do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (Mdic) no programa “Brasil Mais Produtivo”, o qual pretende investir R$ 1,5 bilhão na transformação tecnológica de indústrias com esse perfil entre os anos de 2023 e 2026.
Com recursos do BNDES, o projeto será financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Sebrae, do Senai e do próprio Mdic.
Vale frisar que o projeto está previsto para começar em dois meses, atendendo 200 mil micro, pequenas e médias empresas por meio de cursos e ferramentas relativos à produtividade e transformação digital fornecidos por Sebrae e Senai.
Além disso, o banco também vai disponibilizar financiamento para compra de equipamentos e máquinas, pelas empresas, com a Taxa Referencial (TR), menor que a Taxa de Longo Prazo (TLP).
No mês de maio, o governo autorizou o uso da TR para o BNDES financiar projetos em inovação.
Segundo o diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luis Gordon, o valor do desembolso e o número de empresas beneficiadas serão definidos de acordo com a demanda.
Para o secretário do MDIC, Uallace Lima, a taxa diferenciada irá ajudar a diminuir os riscos para as empresas menores.
“O financiamento por TR é fundamental pois reduz os riscos dos investimentos. Sem o suporte, pequenas e médias empresas vão ficar excluídas da transformação digital”, diz Lima.
Com informações do Valor Econômico