A inadimplência dos pequenos negócios em operações de crédito atingiu o nível mais baixo em 2020, comparando com resultados de uma série iniciada em 2012, segundo estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Considerando microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte, a inadimplência registrada no terceiro trimestre de 2020 foi de 3,3%.
O levantamento, realizado com base em dados do Banco Central, mostra que o nível mais baixo de inadimplência (2,8%) foi registrado entre as empresas de pequeno porte e o mais elevado (5,6%) entre MEIs. As microempresas registraram 5,1%.
Medidas emergenciais
Um dos motivos para esse resultado foi a implementação dos programas que possibilitaram um maior acesso dos empreendedores ao crédito, como Fampe e Pronampe, responsáveis por quase R$ 40 bilhões em empréstimos, de acordo com o Sebrae.
“Foi um oxigênio imprescindível para que os empreendedores tivessem fôlego para suportar o momento mais difícil de queda no nível de faturamento”, afirma Carlos Melles, presidente do Sebrae.
Levantamentos da instituição, realizados desde o início da pandemia, mostram que a perda média de faturamento dos pequenos negócios chegou, no momento mais crítico, a 70%.
Com a retomada das atividades, houve uma redução nesse nível de perda, chegando a 39% em novembro.
Mas o momento ainda é de incerteza para os empresários, que podem ser afetados pelo fim das medidas emergenciais, que permitiram a suspensão de contratos de trabalho e a redução de salários e jornadas, e que estavam em vigor desde abril.
“A carência de grande parte das operações de crédito do Pronampe chega ao fim nesse primeiro trimestre, e os pequenos negócios começarão a pagar os empréstimos contratados em 2020. Somente a partir daí poderemos avaliar melhor o comportamento da inadimplência em 2021. É importante pensarmos na continuidade dessas políticas de proteção. Até porque, como já vimos acontecer em 2020, os pequenos negócios são os maiores responsáveis pela geração de emprego e recuperação da economia”, afirma Giovanni Beviláqua, analista de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae.