Uma pesquisa realizada pela consultoria global de executivos Boyden, com 357 executivos brasileiros, mostra que um em cada dois líderes sentiu que o desejo de mudar de emprego aumentou neste ano em comparação com 2020.
De acordo com o sócio da Boyden, a vontade de mudar de emprego revela uma frustração com todo o empenho/recompensa que os líderes obtiveram em um ano tão exigente como o de 2020.
“Eles querem poder vivenciar uma experiência profissional diferente”, diz Leonardo de Souza, sócio da Boyden.
O levantamento foi realizado em maio e junho, sendo 29,5% dos respondentes em posições de vice-presidência ou C-level e 37,5% em cargos de diretoria.
Impactos da pandemia
Depois de mais de um ano enfrentando desafios pessoais e gestão de impostos pela pandemia, como o aumento na carga de trabalho, a mudança na rotina e muitas vezes a frustração dos resultados no negócio, muitos gestores estão repensando a carreira.
“Desde o último trimestre de 2020, tem se tornado comum escutarmos relatos sobre como este período de pandemia tem sido duro. É provável que a saturação desta situação, vista como desconfortável, aliada a avaliação de um cenário um pouco mais estável em um futuro próximo, esteja incentivando os profissionais a se colocarem mais dispostos a uma troca de emprego.”
Na pesquisa, 55% dos executivos disseram que o desejo de mudar aumentou este ano, 34% que permanece o mesmo e apenas 11% disseram que diminuiu. Em comparação ao ano passado, 41% dos executivos se sentem com uma maior predisposição para avaliar uma nova oportunidade profissional em 2021.
“As pessoas estão feridas e como já passaram por uma mudança radical na rotina, agora não têm medo de mudar tudo e ter uma nova experiência de trabalho.”
Comprometimento e retenção
O levantamento mostra, no entanto, que 41% dos gestores consultados consideram que seu engajamento com a empresa atual aumentou desde o início da pandemia.
“Isso mostra que eles mantêm o comprometimento com suas responsabilidades e equipes nas empresas onde trabalham atualmente.”
Porém, as dificuldades trazidas pela pandemia, tanto no aspecto profissional quanto pessoal, segundo Souza, têm provocado reflexões sobre perspectivas futuras e levado a uma reavaliação da escala de importância dos diversos aspectos da vida.
Souza pondera que esse desejo de trocar de emprego só vai se concretizar se aumentar o número de oportunidades este ano, mas de qualquer modo essa insatisfação deve estar no radar das empresas. “O desafio será manter e reter gestores com esse tipo de ressentimento”, afirma.