A elevação dos juros está impulsionando o aumento da inadimplência das empresas, conforme revelado por uma pesquisa realizada pelo escritório Solution Wealth Management (SWM), do BTG Pactual. Ainda assim, a situação atual está longe do cenário de crise enfrentado pelo Brasil em 2015 e 2016.
Em maio deste ano, a taxa média de inadimplência das empresas alcançou 2,5%, enquanto em maio de 2016 estava em 3,2%. No ápice, em maio de 2017, chegou a 4%.
O número de pedidos de recuperação judicial também está distante do registrado naquele período: a média móvel do acumulado de 12 meses de pedidos ficou em 83 em maio de 2023, comparada a 138 em maio de 2016. No ponto mais alto, chegou a 156 pedidos nos meses de outubro e novembro de 2016.
No entanto, devido ao alto endividamento das empresas, houve um aumento significativo do rebaixamento das notas de crédito das companhias brasileiras em 2023.
Até maio deste ano, 77 empresas brasileiras tiveram suas notas rebaixadas pelas agências de classificação de risco, enquanto apenas 11 viram suas notas melhorarem. No ano passado, foram 19 rebaixamentos e 31 melhorias, enquanto em 2021 foram 74 melhorias e 24 rebaixamentos.
Apesar do aumento acentuado de empresas com notas de crédito rebaixadas, a situação em 2016 foi muito pior, quando houve 311 rebaixamentos e apenas 29 melhorias.
“O aumento da inadimplência e dos rebaixamentos das notas de crédito é resultado dos juros mais altos e do maior endividamento das famílias, porém estamos em um patamar distante de 2015-16”, afirmou o responsável pela mesa de renda fixa da SWM e líder da pesquisa, Odilon Costa.
Segundo o estudo, as empresas conseguiram manter uma alavancagem menor, ou seja, uma relação mais baixa entre a dívida líquida e o lucro operacional. Isso, juntamente com dívidas de prazo mais longo e mais diversificadas, limitou o impacto negativo do cenário macroeconômico. No entanto, as empresas precisaram adotar medidas que tornaram o mercado de crédito mais conservador.
Para Costa, a desaceleração da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com exceção do agronegócio, criou um ambiente mais favorável para a redução da taxa Selic, especialmente se houver avanços nas políticas econômicas, como a reforma tributária e um novo arcabouço fiscal no Congresso.
Apesar disso, o especialista ressalta que o cenário de crédito ainda é desafiador, especialmente para as empresas dos setores mais cíclicos e aquelas com maior endividamento.
Com informações da Folha de S. Paulo